domingo, 15 de fevereiro de 2009

Imagem da Realidade (Poesia)

IMAGEM DA REALIDADE

Fui a imagem perfeita de um caminho sinuoso,
Um atalho perigoso nesta vida impotente,
Fui a imagem do réu desprovido de defesa,
Um prato sobre a mesa de um faminto descontente.

Eu fui o “nada” do ontem que esta imagem reflete,
Um carnaval sem confete, a Quarta-feira de alguém.
Eu fui o rebento trágico, o finado que se vai,
Aquela ponte que cai sobre um rio muito além.

Eu fui também a imagem do “quase”, do “não” e do “sim”,
Fui um abismo sem fim neste mundo de prazer,
Fui o “nada” deste “tudo” que se perde no Universo,
O teu poema, o teu verso, o teu “tudo”, o teu sofrer.

Fui um prato sem comida e o faminto sem sorte,
Fui a vida, fui a morte, fui o bom que se acabou,
Fui um livro com detalhes que o poeta não viu,
Um mundo que se abriu na tumba que se fechou.

Hoje sou a realidade nos caminhos espinhosos,
Os momentos tenebrosos, o “sim” e o “não” de alguém,
Realidade das mentiras revestidas de verdades,
Um mundo sem vaidade, um feto que nasce do amém.

Eu sou a paz e a guerra, sou teu começo, teu fim,
Sou da praça o jardim, sou tudo o que queres ser,
Sou aquela tumba fria, desprezada e desprovida,
Eu sou a morte e a vida de quem vive sem querer.

Sou o mundo imaginário, o presente e o futuro,
Sou o claro e o escuro de um quarto em solidão,
Sou espelho que reflete as imagens do passado,
Sou da vida um soldado, sem arma, sem munição.

Sou um quadro na parede, sem reboco, sem pintura,
Reflexo da amargura que se espalha nas enchentes,
Sou um pouco deste “nada” que o “tudo” destruiu,
A terra que se abriu tragando os inocentes.

Sou o leito que aquece dois corpos extasiados,
O pranto dos enganados, enxugado pelo vento,
Sou a arma que dispara, sou o sangue sobre a terra,
Eu sou o grito de guerra dos que vivem ao relento.

Sou tudo. O que quero mais? Conquistar o infinito?
O que era mais bonito, confesso, já conquistei.
Cheguei ao ponto final, já não sinto dissabores,
Meu mundo tem outras cores para os versos que criei.

(Adalberto Claudino Pereira)

Um comentário:

  1. Meu caro irmão Adalberto Claudino Pereira, além de um ótimo jornalista, radialista e professor, um excelente poeta. Parabéns pelo seu Blog.

    Grande abraço,

    Prof. Rivaldo Neri (irmão na fé)

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