ZÉ LIMEIRA, “O POETA DO ABSURDO”
Na Literatura de Cordel, um nome deve ser lembrado, pela sua coragem de superar toda e qualquer estrutura da nossa poesia. Trata-se de José Limeira, conhecido como “O Poeta do Absurdo”.
Para ele, o importante era chegar até o mote, sempre indiferente à coordenação de palavras ou fatos que eram usados para as devidas métricas e rimas.
William Tejo, um escritor paraibano, fez uma coletânea de trabalhos do poeta José Limeira, colocando-os num livro bastante interessante. Apesar dos meus esforços, nunca consegui adquirir esta valorosa obra.
Como eu sempre fui um admirador incondicional dos poetas repentistas, acompanhando-os em algumas cantorias em Patos, na Paraíba, e em outras cidades circunvizinhas, como São José do Bonfim, Mãe D´Água, Olho d´Água, Quixaba, São Mamede e outras, consegui de alguns poetas, entre eles Sebastião da Silva e Severino Feitosa, alguns exemplos dos trabalhos do “Poeta do Absurdo”.
Portanto, não poderia deixar de, usando a minha criatividade, mostrar para vocês, como José Limeira brincava com os fatos, fazendo uma mistura sadia, alegra e agradável aos nossos ouvidos. Para isso, escolhi o mote “Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida”, em forma de mote em sete sílabas.
Na Literatura de Cordel, um nome deve ser lembrado, pela sua coragem de superar toda e qualquer estrutura da nossa poesia. Trata-se de José Limeira, conhecido como “O Poeta do Absurdo”.
Para ele, o importante era chegar até o mote, sempre indiferente à coordenação de palavras ou fatos que eram usados para as devidas métricas e rimas.
William Tejo, um escritor paraibano, fez uma coletânea de trabalhos do poeta José Limeira, colocando-os num livro bastante interessante. Apesar dos meus esforços, nunca consegui adquirir esta valorosa obra.
Como eu sempre fui um admirador incondicional dos poetas repentistas, acompanhando-os em algumas cantorias em Patos, na Paraíba, e em outras cidades circunvizinhas, como São José do Bonfim, Mãe D´Água, Olho d´Água, Quixaba, São Mamede e outras, consegui de alguns poetas, entre eles Sebastião da Silva e Severino Feitosa, alguns exemplos dos trabalhos do “Poeta do Absurdo”.
Portanto, não poderia deixar de, usando a minha criatividade, mostrar para vocês, como José Limeira brincava com os fatos, fazendo uma mistura sadia, alegra e agradável aos nossos ouvidos. Para isso, escolhi o mote “Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida”, em forma de mote em sete sílabas.
QUERO VER QUEM SABE MAIS NO VESTIBULAR DA VIDA
(Mote em 7 sílabas, à moda de José Limeira, o poeta do absurdo)
(Produzido por Adalberto Claudino Pereira)
I
A princesa Isabel se casou com Rui Barbosa,
Mas por causa de uma prosa viajou para a Bahia.
Como ela não queria dar adeus de despedida,
Foi temperar a comida para dar ao capataz.
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
II
Dom João Sexto se banhou na praia de Ipanema,
Mas brigou com Iracema que lhe chamou de caduco,
Por isso Joaquim Nabuco chamou Sansão de querida
Acertaram na ferida do calcanhar de Caifaz,
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
III
Juscelino Kubitschek, descobridor do Japão,
Resolveu comer o pão que o diabo amassou.
A enchente no metrô deixa a cidade falida
Toda mulher enxerida não deixa o homem em paz
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
IV
A mulher de Frankstein foi rainha da beleza,
Mas para sua tristeza não recebeu o troféu.
A sopa caiu no mel, e bagunçou a comida,
Meu tio deu na partida no carro de Barrabás,
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
V
A mulher que fez as tranças nos cabelos de Sansão
Foi a mesma que Adão expulsou do seu jardim.
Na minha terra é assim: ninguém paga a bebida,
Fizeram com a Margarida o que pouca gente faz,
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
VI
Foi no cavalo de Tróia que viajei pro Nordeste,
Onde tem caba da peste e muié macho, sim, senhô.
O homem que tem valor não se perde na corrida,
A laranja espremida, pra suco não serve mais,
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
VII
O profeta Isaias, inventor da impressora,
Jogou a calculadora na cabeça de Jacó.
A guerra de Bodocó, deixou a nação ferida
Minha musa preferida desfilou nos carnavais
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
VIII
Quando Dom Pedro I invadiu a Palestina,
Ainda era menina a Princesa Isabel.
Encontrei Maquiavel com a perna encolhida
Vi Joana D´Arc escondida, com medo de Barrabás.
Quero ver quem sabe mais no vestibular da vida.
Maravilha Adalberto. Eu também conheci Zé Limeira por acaso. Desde então estou sempre brincando "seu estilo" com meus colegas.
ResponderExcluirFoi num porto da Bahia
Que Dom João chegou bem cedo
Dava pra contar no dedo
A bagagem que trazia
Uma dúzia de bacia
Dois fardos de algodão
Gasolina de avião
Do café trouxe a semente
Duas bíblias uma de crente
Outra do rei Salomão
Cristo enforcou Jesus
Na beira do rio Jordão
Na noite de São João
Num galho de cipó-cruz
Comeu pirão com cuzcuz
No meio da cabroeira
Na noite de sexta-feira
Cantou prosa e rezou missa
José e Maria castiça
Diria assim Zé Limeira
No tempo da ditadura
Eu rezei pro pai eterno
Fez sol mas deu bom inverno
Plantei fava e rapadura
Veja só que formosura
A “muié” de Barbosinha
Se ela tivesse sozinha
E o cachorro amarrado
Eu levava ela prum lado
E uma cuia de farinha
O pai da aviação
Por nome Drumon Andrade
Sem dó e nem piedade
Se atracou com Lampião
Na bainha um facão
Na matula um castiçal
Gritou pra São Nicolau
Acuda-me nessa hora
Disse isso e foi-se embora
Deixando um cartão postal
Por causa da Ditadura
O Brasil foi descoberto
Um navio chegou perto
Da curva da ferradura
Dom Pedro fez a leitura
Na borda da ribanceira
Cabral trouxe uma cadeira
Sem dó e sem ter clemência
Proclamou a independência
Diria assim Zé Limeira
Jesus tirou diplomança
De doutor em curamento
No primeiro atendimento
Passou a faca na pança
Da mulher do rei da França
Pra curar a joanéte
Cego estando o canivete
A mulher sentiu cosquinha
Jesus com a cara lisinha
Disse: "nega se aquete" !!
Adão foi feito do barro
Da beira do Rio da Anta
Parou, bebeu uma Fanta
Depois fumou um cigarro
Tava passando um carro
Com Madalena e João
Ela tocando pistão
Ele com a mão nos "joeio"
Ergueu o dedo do meio
E apontou pra Adão!
O pai da "filosomia"
Por nome Tristão da Cunha
Teve encravada uma unha
Prumodi um bãi d'água fria
Gritô pra Virgem Maria:
"Valei-me meu Pai Eterno
Se não fizer bom inverno
E meu feijão não vingá
Vendo tudo que sobrá
Vou pra feira e compro um terno"
Dom Pedro e Napoleão
Combinaram casamento
Compraram apartamento
Levaram cama e fogão
Sem luz na escuridão
Foi aquela "bagunceira"
Funhaharam a noite inteira
Depois ficaram de mal
Hoje é um tal de quebra-pau
Diria assim Zé Limeira
Foi quando Napoleão
Se elegeu Rei do Egito
Menelau passou-lhe "um pito"
Abolindo a escravidão
Dom Pedro com um facão
Disse: "O Brasil tá liberto"
Lampião lá no deserto
Achou aquilo engraçado
Contratou um advogado
Seu nome era Zé Roberto
São João evangelista
Rezou a missa do galo
Foi no lombo dum cavalo
Que Jesus cruzou a pista
Desceu e mostrou a lista
Com os quinze testamento
Assoprou um pé de vento
Rasgou cinco folha escura
Só restou dez escritura
Eu digo falo e sustento
Um dia no paraiso
Vi Caim chamando Adão
Dizendo que o sacristão
Na missa deu prejuizo
Da cobra cortou o guizo
Vendeu por cem mil cruzeiro
Depois comprou um carneiro
Assou porém não comeu
Ouvi de um amigo meu
Vai chover o mês inteiro
Na cidade de Belém
Por volta de meio-dia
Vi passando uma cotia
Com um bilhete de trem
Deu duas notas de cem
Prum vendedor de peneira
Eu que voltava da feira
Vi tudo e fiquei calado
Mais um dia e tô casado
Diria assim Zé Limeira
Um artista aleijadinho
D'um pau fez esculturança
Mandou entregar na França
No lombo de um jumentinho
Não achando o lugarzinho
Se livrou do carregado
E passando num mercado
Comprou vinho queijo e pão
Passagem de avião
Com o dinheiro arrecadado
Um dia na Galeléia
Tava Pedro acocorado
Fazendo força um bocado
Nisso passou uma "véia"
"Sai pra lá sua mocréia"
Disse Pedro em alvoroço
Foi quando caiu um trôço
E Pedro desenxavido
Disse a velha: "ô trem fidido"
E saiu pisando grosso
Do cantar, foi no terceiro
que o galo deu, quando Judas
se enforcou em duas mudas
grandes d'um abacateiro.
Jesus foi quem viu primeiro,
e fingiu saber de nada.
Passou Pedro em disparada
e gritou pra São Thiago:
"Corre aqui e traz um trago,
da cachaça amarelada."