Aprenda Português em um mês - Parte 6

ESSAS ESTRANHAS PALAVRAS

O tio Efigênio, um manauara que havia optado por uma vida tranqüila, havia se tornado um bibliômano declarado. Daí, o motivo de ter adquirido uma chácara, onde morava com a família: a mulher e dois filhos. O saudável açude ali existente fez com que ele partisse para a ictiologia.
Passados alguns meses, desde que chegara àquele lugar, chegou a conhecer um jovem meio extrovertido, chamado Juarez, um marabá sem pai e sem mãe. Era daquele sujeito perseguido pela tanatofobia, fato este que deixava o meu tio preocupado, embora evitasse tocar no assunto quando ambos sentavam para uma palestra gostosa depois de um dia de trabalho.
Certo dia, conversando com ele, comecei a falar sobre a perfeição da Natureza e a sapiência de Deus. Foi então que perguntei se ele já fora à praia. Foi um momento de desespero. É que eu não sabia que estava diante de um talassófobo. Pedi mil desculpas e resolvi mudar de assunto.
Mais tarde, minha tia, sabendo que eu fazia o ginásio*, pediu que eu lesse uma carta que recebera de minha prima, residente em São Paulo. Ao abrir a missiva, deparei-me com um verdadeiro hieróglifo. A custa de muito sacrifício, consegui decifrar aquela enígma.
No dia seguinte, deparei-me com o Juarez e descobri que se tratava de um terereca meio engraçado e meio chato. Ele quase não me deixou falar nada. Preferi deixá-lo à vontade, embora tivesse vontade de esganar aquele fulustreco irreverente. Felizmente, havia chegado a hora do trabalho. E lá se foi aquele sujeito insuportável.
Apesar de ser um homem esforçado, trabalhador e gostar de ler, meu tio Efigênio enfrentava um problema sério: seu filho Epifânio, além de não dar valor aos livros, era um ergofóbico assumido.
Pelo meu tio, eu até que arriscaria ficar mais uma semana naquele lugar aconchegante. Mas, em se tratando do Juarez e do Epifânio, Deus me livre da idéia de adiar minhas férias.

*(Ginásio era o que hoje chamamos de Ensino Fundamental.)

(Adalberto Claudino Pereira)

TIRANDO SUAS DÚVIDAS

• MANAUARA: é um nome que se dá àquele que nasceu em Manaus, capital amazonense.
• BIBLIÔMANO: é a pessoa que tem mania de comprar ou colecionar livros.
• ICTIOLOGIA: trata-se do estudo científico dos peixes.
• MARABÁ: é aquela pessoa descendente de índio com branco.
• TANATOFOBIA: é o medo doentio da morte.
• TALASSÓFOBO: é a pessoa que tem medo do mar.
• HIERÓGLIFO: é uma escrita difícil de ser se interpretar.
• TERERECA: é aquele que fala demais; que é agitado, tagarela.
• FULUSTRECO: trata-se de uma pessoa sem importância; um joão-ninguém.
• ERGÓFOBO: trata-se da pessoa que tem aversão ao trabalho.

Vejam como é importante termos sempre ao nosso lado o nosso querido e amado DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. É através dele que conseguimos superar as nossas dúvidas. Nunca se envergonhe de tê-lo pertinho de você. Espero que, a partir de agora, seja despertado em você o interesse pelo trabalho de pesquisas. E os Dicionários são fontes de pesquisas indispensáveis, até mesmo para aqueles que se dizem “doutos” no assunto.