sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Difícil Missão de... (livro) - Parte 06


QUEM DEVE PREGAR NA IGREJA?

O púlpito é um lugar Sagrado, reservado para os santos, aqueles que são realmente consagrados ao Senhor. Não importa se a pessoa que o ocupa seja pastor, seminarista, missionário, evangelista ou um simples crente sem cursos superiores. Quando um visitante entra numa Igreja e vê um pregador consagrado ocupando o púlpito, com certeza ele acompanha a pregação com atenção na Palavra do Senhor. Quando acontece o contrário, ou seja, quando o pregador não tem vida, o visitante, se permanecer no Templo, nunca mais voltará ali.
Certa vez, ouvi do irmão Luiz Antônio, um evangelista semi-analfabeto, a seguinte declaração: “Para pregar a Palavra do Senhor não é preciso ter freqüentado seminários, mas sim ser consagrado e ter uma vida espiritual que seja exemplo para os incrédulos”. Meditei muito sobre esta declaração e cheguei à conclusão de que o querido irmão, de saudosa memória, tinha toda razão. Tem Igreja que não cresce espiritualmente porque seus pregadores são péssimos exemplos para o mundo: são péssimos esposos, compram e não pagam, prometem e não cumprem, não têm domínio sobre os filhos e visam os bens materiais.
O púlpito é a “tribuna sagrada”, que deve ser ocupada por pessoas idôneas, pessoas escolhidas realmente pelo Espírito Santo do Senhor. Não é lugar para mercenários, para os materialistas, nem tampouco para os hipócritas. Tem pastores que, querendo mostrar humildade, preferem deixar o púlpito de lado. Ser humilde não é agir assim. Mesmo porque, muitos desses que agem dessa forma, exigem altos salários da Igreja, compram carros de luxo, usam uniformes de marcas e ainda especulam os salários de colegas de outras Igrejas, comparando-os ao seu.
O evangelista Luiz Antônio, um servo fiel e consagrado ao Senhor, era um exemplo para muitos pastores. Certa vez, ao fazer a abertura de uma das Convenções Batista Paraibana, ele fez colocações tão importantes que, ao fazer uso da palavra, o pregador oficial declarou: “É difícil para um pregador falar depois de um homem tão preparado. O evangelista Luiz Antônio demonstra muita sabedoria na interpretação da Palavra do Senhor!”.
Na Primeira Igreja Batista em Patos, na Paraíba, conheci o irmão Manuel Lucena, um servo fiel, consagrado e que sempre foi exemplo para todos nós. Calmo e sábio nos momentos necessários, ele era um espelho para os filhos que, a exemplo do pai, seguiram fielmente o caminho do Senhor. Os conselhos do irmão Manuel Lucena eram repletos de sinceridade, sempre tendo a Bíblia como elemento básico para aqueles momentos.
Pessoas como estas podem realmente ocupar o púlpito de qualquer Igreja, pela sua idoneidade moral, pela vida espiritual e pela consagração como servos do Senhor. As Igrejas precisam saber escolher os seus líderes para evitarem decepções futuras. Pastores que fazem do sacerdócio uma profissão lucrativa, estão se afastando definitivamente dos ensinamentos bíblicos. Como conseqüências negativas, estão induzindo suas ovelhas ao comodismo e afastando os incrédulos da presença de Deus.

A GRANDE MISSÃO DOS PASTORES

Nada melhor e mais inspirador do que começarmos este parágrafo com a citação encontrada no Evangelho de João, capítulo 10, versículo 11: “Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá sua vida pelas ovelhas”. Nos versículos 14, 15 e 16 do mesmo Evangelho, Jesus se apresenta como este bom pastor: “Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas. Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer estas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor”.
Nesses versículos, Jesus faz uma definição do bom pastor. Ele mostra que o bom pastor conhece o seu rebanho, ou seja, ele sabe tudo sobre suas ovelhas: suas alegrias, suas tristezas, seus problemas pessoais e espirituais.
O bom pastor conhece as necessidades de suas ovelhas e está pronto a dar a própria vida por elas. Missão difícil, não? Se considerarmos alguns pastores pelo seu comportamento, concluímos que eles estão no lugar errado, que podem ser tudo, menos pastores.
Lendo o versículo 16 (Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer estas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão em só rebanho com um só pastor), lembro-me de um certo pastor que me fez a seguinte revelação: “Não vou atrás de crentes desviados, pois eles fizeram a escolha; passaram muito tempo ouvindo a verdade, agora, o problema não é mais meu. Eu fiz a minha parte.” Será que fez mesmo?
O que tem de pastores deputados, senadores, governadores, Secretários de Estado! É uma verdadeira coqueluche. Vejamos o que nos diz o profeta Jeremias: “Porque os pastores se tornaram estúpidos e não buscaram ao Senhor; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos” (Jeremias 10:21). O profeta ainda fala aos pastores irresponsáveis, àqueles que, de uma forma ou de outra, fogem das promessas feitas no momento de ordenação: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do seu pasto! – diz o Senhor (...) Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas Eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o Senhor”(Jeremias 23:2).
Pastores que dividem as coisas Divinas, que se afastam de suas obrigações Divinas para seguirem caminhos paralelos, devem abandonar por completo o Ministério de Deus. Pastores incompetentes são citados em Jeremias 50:6. Senão vejamos: “O meu povo tem sido ovelhas perdidas; seus pastores as fizeram errar e as deixaram desviar para os montes; do monte passaram ao outeiro, esqueceram-se do seu redil”.
O que aconteceu com os pastores? Por que se tornaram objetos de gabinetes elitisados? Será que a evolução industrial e a tecnologia moderna afastaram os pastores de suas obrigações espirituais? Por que as igrejas se acomodam diante disso tudo? Será que a conivência é fruto da falta de compromisso dos evangélicos de um modo geral? O que está acontecendo com a Igreja de Deus? Lá, no Velho Testamento, o sacerdote Ezequiel repassa para nós as palavras do Senhor sobre os pastores que se preocupam com seus interesses, deixando de lado as ovelhas e, consequentemente, a Casa de Deus: “Pois bem, pastores, escutem o que Eu, o Senhor Deus, estou dizendo. Juro pela minha vida que é melhor vocês me escutarem. Por não terem pastor, as minhas ovelhas foram atacadas, mortas e devoradas por animais ferozes. Os meus pastores não foram procurá-las. Eles estavam cuidando de si mesmos e não das ovelhas. Por isso, vocês, pastores, prestem atenção. Eu, o Senhor Deus, declaro que estou contra vocês. Tirarei de vocês as minhas ovelhas e não deixarei que vocês sejam os seus pastores. E não deixarei que continuem a ser pastores que só cuidam dos seus próprios interesses. Livrarei as minhas ovelhas do poder de vocês para que vocês não possam devorá-las” (Ezequiel 34:7-10).
Há pastores que decidem jogar toda a responsabilidade da evangelização, das visitas, das campanhas e de outras atividades, sobre os ombros das suas ovelhas. Certa vez, participando de uma reunião convocada por um determinado pastor, com os líderes de uma igreja, ouvimos dele a seguinte afirmativa: “Precisamos Ter um grupo de evangelismo, pois tem muita gente nesta cidade clamando por salvação. Visitem seus amigos, convide-os a virem à igreja. Esta obrigação também é sua, não é só do pastor...”. No final da reunião, dividiu os líderes em grupos e determinou os locais onde deveriam realizar o trabalho de evangelismo, enquanto ele ficava de fora, apenas como orientador. Bonitas palavras para quem não gostava de visitar, não evangelizava, fazia pouco para o crescimento da igreja e ainda achava que tudo aquilo era normal.
A tarefa de evangelisar também é nossa, mas foi o pastor o escolhido por Deus (eles mesmos afirmam isso com muita veemência), para dirigir a igreja do Senhor, usufruindo de direitos que lhe são outorgados.
Muitos pastores pensam que o Ministério de Deus é brincadeira, que é só pregar aos domingos e pronto. Isso, qualquer membro ativo pode fazer e muitos fazem até melhor que muitos pastores. Eles ainda não descobriram o quanto é difícil a missão de seguir a Cristo.
Vejamos ainda o que nos diz Zacarias, no capitulo 11, versículo 17: “Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! A espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o braço, completamente, se lhe secará, e o olho direito, de todo, se escurecerá”. Jesus Cristo se apresenta como exemplo de um bom pastor e mostra como deve proceder um bom pastor: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10:11). Jesus Cristo vai mais além ao afirmar: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas” (João 10:14 e 15).
Poucos são os pastores que encabeçam as listas de contribuições nas campanhas promovidas por suas igrejas. São bons até demais para fazerem as coisas com o dinheiro dos outros. O que eles pensam? Será que acham que não são membros, a exemplo dos demais? O caso é tão sério que tem igreja que já paga ao seu pastor descontando o seu dízimo. É que o pastor é tão velhaco que a igreja precisa agir dessa forma. É triste, mas é uma realidade.
O crente costuma espelhar-se no seu pastor em suas atitudes humanas e espirituais. Se o pastor não dá bom exemplo, como terá condições morais para cobrar dos membros de sua igreja? Muitos pastores precisam seguir o exemplo de Davi, quando este clamou a Deus: “Sou teu servo; por isso, dá-me sabedoria para que eu possa conhecer os teus ensinamentos”(Salmo 119:125). Quem sabe, assim procedendo, eles possam dizer depois: “Os teus mandamentos são maravilhosos, e por isso os cumpro de todo o coração” (Salmo 119:129).
Existem, é claro, bons pastores, aqueles que visitam com freqüência as suas ovelhas desviadas, os irmãos enfermos; pastores que saem à frente nos trabalhos de evangelização, que dão tempo integral em suas igrejas e que são exemplos raros de dedicação à obra. Esses foram realmente escolhidos e chamados por Deus para a árdua tarefa de dirigir suas ovelhas.
Se olharmos à luz da Bíblia, chegaremos à conclusão de que ao serem chamados por Jesus Cristo para a árdua missão de pregar o Evangelho, os discípulos deixaram tudo para trás. Isso significa dizer que eles não tiveram dupla personalidade. A Bíblia não relata que Pedro, por exemplo, servia a Cristo pela manha e, à tarde ou à noite ia pescar. Para deixarmos bem claro esta nossa colocação, basta revermos o que nos diz a Palavra do Senhor em Lucas 9:62 “... Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus”. É costume de muitos pastores dizerem que foram chamados por Deus para o Ministério, ou seja, para a sagrada missão de pregar o Evangelho. Mas, com o passar do tempo, começam a procurar outras profissões, dividindo seu tempo com Deus e o mundo. Vejamos o que nos diz Mateus 6:24 – “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”. Geralmente, os pastores que assim procedem, não cuidam bem de suas ovelhas, colocando-as em último plano.
Alguns pastores estão se comportando de forma estranha, o que nos deixa um tanto preocupados, principalmente quando sabemos que eles estão cada vez mais se distanciando das ovelhas ao serem por elas procurados. Era normal um pastor receber alguém para tirar dúvidas ou até mesmo dar conselhos aos que lhe procuravam com problemas para serem solucionados. Agora, se alguém precisar falar com alguns pastores, são obrigados a agendarem a visita. Para isso, existem as secretárias particulares. Infelizmente, as burocracias estão invadindo as igrejas e isso é péssimo para o seu crescimento espiritual.
O juiz Antônio Leopoldo Teixeira, que se diz pastor, é acusado de ter mandado matar seu colega, o também juiz Alexandre Martins de Castro Pinto. Por conta disso, o “pastor” foi preso e algemado, o que não deixa de ser um péssimo exemplo para quem se diz “servo” do Senhor. Quando falamos que lugar de pastor é na igreja é porque sabemos que, ao exercer funções paralelas, ele incorre no perigo de praticar atos que não condigam com a função espiritual para a qual foi escolhido.
Conheço pastores que exercem concomitantemente a função de advogado e passam a defender bandidos, assassinos e todo tipo de elementos de alta periculosidade. Assim agindo, eles passam a ser parceiros dos facínoras que espalham o terror pelas cidades. Lamentavelmente, as igrejas aceitam este tipo de comportamento com a maior naturalidade como se isso não viesse a afetar a vida espiritual da igreja de Cristo.
É por esta e por muitas outras coisas semelhantes que as igrejas não crescem. Elas passam a perder a credibilidade justamente pelas ações indecorosas de seus líderes. Quem quer ser membro de uma igreja, cujo pastor vive uma vida dupla, servindo a Deus e ao mundo? Sabemos que somos crentes em Cristo, mas ninguém se sente bem quando quem prega a palavra da SALVAÇÃO não anda conforme os ensinamentos Divinos.
É incontável o número de pessoas que, insatisfeitas com os procedimentos de seus pastores, resolvem procurar refúgio em outras igrejas, mudando, conseqüentemente, de doutrinas. Os resultados, na maioria das vezes, são tristes, visto que, não encontrando pastores responsáveis, terminam no mundo da perdição. Acredito que esses pastores pagarão caro por causarem o afastamento das ovelhas do aprisco pastoral. Se o pastor é o “anjo” da igreja e a ele foi dado o poder de tomar as grandes decisões para o bem-estar espiritual de suas ovelhas, cabe a ele ter competência e coragem para agir contra a infiltração do “mundo” no aprisco de Deus.

(Aguarde a Parte 07)

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