domingo, 15 de fevereiro de 2009

Os Heróis do Repente (cordel)

Em homenagem aos grandes poetas repentistas, que eu vira ou ouvira cantar, resolvi realizar um trabalho que já fora registrado em outro trabalho nosso. O título, modéstia à parte, foi bastante sugestivo, pelo menos é o que muitos têm dito por aí: “Os Heróis do Repente”. Vejamos como ficou:

Eu reservei este espaço com bastante alegria
Pra prestar uma homenagem ao mundo da poesia
E falar sobre os poetas que eu vi cantar um dia.

É bonito ouvir repentes de cantadores famosos,
O repicar das violas e os versos preciosos,
Enaltecendo os valores de repentistas ditosos.

É bonito ouvir sextilhas e Galope à Beira-mar,
Um Coqueiro da Bahia que nos faz até lembrar
O velho Brasil Caboclo, retrato do meu lugar.

Tem também a Gemedeira, que é do poeta o lamento,
O Martelo Alagoano, outro grande sentimento,
E o Martelo Miudinho, inspiração do momento.

O repentista é um gênio, tem passado e tem presente,
Penetra na economia e fala do Onipotente,
Entende até de esportes, a paixão de muita gente.

Não esquece as ciências e as coisas da natureza,
Lembra a tecnologia com toda a sua clareza,
Da política vê as falhas e da mulher, a beleza.

Agora, caros poetas, grandes heróis do repente,
Quero citar alguns nomes que guardo na minha mente,
Cantadores do Nordeste, orgulho de minha gente.

Velho Pinto do Monteiro, exemplo de inteligência,
Ivanildo Vila Nova, um poeta com essência,
E Moacir Laurentino, acervo de eloqüência.

Oliveira de Panelas, grande improvisador,
Com Sebastião da Silva, um poeta de valor,
Orgulhando a poesia, cantando com destemor.

Valdir Teles, Zé Galdino, Louro Branco, Zé Morais,
Barra Azul e Ney Ricardo, grandes profissionais,
Divulgam filosofia herdada dos ancestrais.

José Melquíades também canta as coisas do Sertão,
Com o Reinaldo Ribeiro, fruto desta geração,
Levando pelo Nordeste sua improvisação.

A beleza dos repentes de Otacílio Batista
Resplandece no horizonte o valor do grande artista,
Ao lado do irmão Dimas, que nunca foi egoísta.

Vou citar José Gonçalves e Borboleta do Norte,
O Severino Ferreira, que é também um braço forte,
Adalberto de Carvalho, um xará de muita sorte.

Tem Severino Feitosa, outro jovem de valor,
Assis Rosendo que canta pra chapeado e doutor,
E Vitorino Bezerra, que da arte é professor.

Lembro Cícero Bernardes, um orgulho pra Campina,
E o Antônio Lacerda, herança de Araripina,
Dois nomes que a poesia diante deles se inclina.

Sebastião Dias está entre os grandes repentistas,
Com o Edvan Ricardo e também o João Batista,
Grandes vultos incluídos no rol dos grandes artistas.

Antônio Ricardo canta com muita sinceridade,
E Carlos Antônio ganha força e prosperidade,
Transformando a viola na arma da lealdade.

Falo em Francion da Silva, repentista competente.
E em Francisco Sobrinho, outro cidadão decente
Que, a exemplo dos demais, cantas as coisas da gente.

Não esqueço Antônio Américo, cantador das madrugadas,
Que na Rádio Espinharas dizia coisas sagradas,
Citando o Santo do dia nas sextilhas bem rimadas.

Deusdethte Bandeira tem o seu jeito diferente,
Pra cantar com lealdade as belezas do repente,
Colando a viola fria nas carnes do corpo quente.

Patativa do Assaré, fazendo seus trocadilhos,
Representa o Ceará sem nunca sair dos trilhos,
Mostrando da poesia os incandescentes brilhos.

Manuel Xudu que partiu para um mundo diferente,
Já me prestou homenagens cantando belos repentes,
Com Cancão, na Eternidade, só canta em sonhos pra gente.

Foram estes os poetas que eu vi cantar um dia
Representando a cultura com coragem e ousadia,
Registrando nos seus versos a sua filosofia.

OBS.: Aproveito este espaço para prestar uma sincera homenagem a todos os milhares de poetas repentistas, espalhados por este imenso país e que, por motivos justificáveis não foram aqui citados. Eles também estão entre os grandes “HERÓIS DO REPENTE”.

(Adalberto Claudino Pereira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário