Um estilo que eu admiro muito no repente improvisado é “A Gemedeira”. Trata-se de um estilo onde os poetas podem abordar qualquer assunto, dependendo da vontade e do gosto de cada um. Eles podem falar de futebol, de política, de religião e até de fatos que tenham acontecido e despertado a atenção do povo.
Aqui, eu também faço uma tentativa de deixar registrado este meu trabalho, pedindo desculpas aos ilustres poetas repentistas, se alguma falha for notada. Afinal, eu sou apenas um admirador dos grandes poetas. Vejamos como ficou o trabalho:
Eu escolhi esse estilo pra poder cantar gemendo,
Tem gente que geme a toa dizendo que está sofrendo,
Chora e geme, geme e chora: ai – ai- ui- ui
Parece que está morrendo.
Aqui, eu também faço uma tentativa de deixar registrado este meu trabalho, pedindo desculpas aos ilustres poetas repentistas, se alguma falha for notada. Afinal, eu sou apenas um admirador dos grandes poetas. Vejamos como ficou o trabalho:
Eu escolhi esse estilo pra poder cantar gemendo,
Tem gente que geme a toa dizendo que está sofrendo,
Chora e geme, geme e chora: ai – ai- ui- ui
Parece que está morrendo.
Meu primo vive gemendo dizendo que é dor de dente,
Mas tem gente que não chora, nem sente o que ele sente,
Outros passam a vida inteira: ai – ai – ui – ui
Chorando sem estar doente.
Eu conheço muita gente que chora sem sentir nada,
Um rapaz que vive só, chora pela ex-namorada,
Mas meu pai que vive triste: ai – ai – ui- ui
Chora pela empregada.
Quem chora sem sentir nada deve ter uma razão:
Pode ser uma saudade que feriu seu coração,
Mas minha vizinha chora: ai – ai – ui – ui
Com saudades do patrão.
Quem sente no coração um amor desesperado,
Chora de noite e de dia, só pode ser um coitado,
Mas pior é o que chora: ai – ai – ui – ui
Nas garras do delegado.
Esse é um desgraçado, um sujeito sem nobreza
Pois quem chora na cadeia se reveste de tristeza
Tenho pena é de quem chora: ai – ai – ui – ui
Por não ter um pão na mesa.
Quem não tem um pão na mesa, também não tem alegria,
Trabalha e não ganha muito, vive em grande agonia,
Olha pra mulher e diz: ai – ai – ui – ui
Nós vamos vencer um dia.
Sinto muita simpatia por quem trabalha com fé,
Também tenho uma família, só um filho e a mulher,
Mas eu choro quando estou: ai – ai – ui – ui
Amando quem não me quer.
Quem vive sem ter mulher deve ser um desgraçado,
Porque ter mulher é bom e é por Deus abençoado,
Quem não gosta de mulher: ai – ai – ui – ui
Ou é louco, ou é veado.
O homem mal educado nunca pensa no que faz,
Abre a boca e diz besteira mostrando ser incapaz,
Depois chora arrependido: ai – ai – ui – ui
“Assim eu não tenho paz”.
Todo homem mal que faz o que a razão condenou,
Precisa se arrepender de tudo que praticou
E chorando confessar: ai – ai – ui – ui
Assim feliz eu não sou.
Minha prima se casou com um cara bem dotado,
Arrependida, dizia com o rosto amargurado:
Se eu soubesse que era assim: ai – ai – ui – ui
Eu não tinha me casado.
Vi doutor e chapeado contando seus sofrimentos,
Um dizia: estou fraco; o outro: já não agüento,
E os dois choravam juntos: ai – ai – ui – ui
Cada um com seu lamento.
Eu conheci um sargento que da farda se afastou,
No quartel já foi destaque, muitas medalhas ganhou,
Mas lamenta todo dia: ai – ai – ui – ui
Ninguém sabe quem eu sou.
O Brasil se abalou com um fato comovente:
O Edifício Joelma pegou fogo de repente
Chorando alguém perguntava: ai – ai – ui – ui
Quem pode salvar a gente?
Os bombeiros já presentes, invadiram o lugar
Fazendo todo o possível para o fogo apagar
Lá de dentro alguém gritava: ai – ai – ui – ui
Só Deus pode nos salvar!
Vi o jornal publicar que muita gente morreu,
O repórter comovido a notícia escreveu,
Quem escapou sussurrava; ai – ai – ui - ui
Foi um milagre de Deus!
Foi isso que aconteceu naquele tempo passado
Num edifício tão nobre, relíquia daquele Estado,
Quando eu lembro ainda choro: ai – ai – ui – ui
O assunto tá encerrado.
(Adalberto Claudino Pereira)
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