quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Quando eu morrer (poesia)
QUANDO EU MORRER
Quando eu morrer quero sentir o silêncio e a paz.
Se quiserem chorar, que chorem, ou podem até sorrir.
Eu também já chorei e sorri, coisas que não farei mais
Porque, inerte, sem forças, estarei pronto pra partir.
Quando eu morrer ficarei longe das injustiças,
Não serei mais vítima das covardias. Só da morte.
Não ouvirei falar em guerras, nas falsas justiças,
Livrar-me-ei do cansaço, da monotonia. Que sorte!
Quando eu morrer alguém ficará para lembrar de mim
E, um dia, por simples coincidência, dirá que vivi.
Uns dirão que fui bom, outros dirão que fui ruim,
Mas falarão e lembrarão até o dia em que nasci.
Quando eu morrer estarei longe do que oferece a Natureza,
Mas estarei perto de Deus, muito além, no Infinito,
Onde não sentirei dor, nem saberei o que é tristeza,
Pois tenho certeza de que Lá tudo é mais bonito.
Quando eu morrer não farei mais minhas pobres poesias,
Talvez até me torne inspiração para os poetas.
Aí, sim, serei lembrado, pelo menos por uns dias,
Talvez com lutos, ou talvez até com festas.
Quando eu morrer ninguém mais ouvirá a minha voz,
Da mesma forma, não ouvirei a voz de ninguém.
Encontrarei minha mãe e abraçarei meus avós,
Que, bem antes de mim, já partiram para o Além.
Quando eu morrer não mais escreverei poemas, nem editoriais,
Não precisarei de microfones ou gravadores,
Nem terei meu nome em revistas e jornais,
Pois deixarei meus espaços para outros redatores.
Quando eu morrer não ouvirei mais falar de greves e agressões,
De fome, de miséria, de epidemias, de perseguição à pobreza,
Não ouvirei falar de sequestros, de bandidos, de inflações,
De terremotos, de incêndios que tiram da vida a beleza.
Quando eu morrer quero ter certeza de que tudo que eu deixei será conservado,
Mulher, filhos, livros, menos a minha matéria apodrecida.
Que meus órgãos salvem vidas, só não quero ser cremado,
Nem jogado aos urubus, aos animais famintos, como carne esquecida.
Quando eu morrer não precisarei de velas para meu corpo iluminar,
Nem de “rezas” cansativas para recomendar corpo e alma,
Pois nada disso será possível para meu espírito salvar.
Somente o Poder de Deus nesses momentos nos acalma.
Quando eu morrer estarei feliz, consciente e orgulhoso
Por nunca ter recorrido ao protecionismo.
Podem até dizer que, em vida, fui chato e vaidoso,
Só não dirão que fui contaminado pelo “vírus” do egoísmo.
(Adalberto Claudino Pereira)
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