DEPRESSA ou DE PRESSA?
A Língua Portuguesa é extraordinária. E é dessa forma que ela, em muitas ocasiões nos deixa em situação embaraçosa, principalmente quando temos alunos curiosos ou “testadores de professores”, daqueles que chegam sempre com as chamadas “perguntas de gaveta”.
Certa vez, um dos meus alunos da terceira série, perguntou o que eu responderia se alguém perguntasse como se escreve a palavra depressa. Sem pestanejar, fui ao quadro e, ao mesmo tempo em que respondia ao aluno, escrevia D-E-P-R-E-S-S-A. Para deixar ainda mais clara a minha resposta, expliquei-lhe que depressa é um advérbio de tempo, visto que significa em breve, sem demora. Citei como exemplo a frase: “A criança andou depressa.”
Reginaldo (era assim que ele se chamava) ouvia as explicações atentamente. De repente, como se estivesse testando os meus conhecimentos, falou: e se alguém diz que precisa de pressa para chegar em casa, como podemos diferenciar esse de pressa do outro, uma vez que a pronúncia é semelhante?
Talvez você tenha a mesma dúvida do Reginaldo. Então, vamos usar dois exemplos distintos:
a) O professor saiu depressa, atendendo ao chamado do Diretor.
b) O professor precisava de pressa para chegar à Diretoria.
No primeiro exemplo, a expressão depressa pode ser substituída por rapidamente. Logo, a frase poderia ser assim: O professor saiu rapidamente, atendendo ao chamado do Diretor.
No segundo exemplo, por mais que tentássemos, jamais conseguiríamos proceder da mesma forma. O que poderíamos fazer era substituir a expressão de pressa por urgência. Vejamos, portanto, o mesmo exemplo assim: O professor precisava de urgência para chegar à Diretoria.
Fácil, não? Se você ainda não conseguiu entender, faça o seguinte: leia com mais atenção, deixando a televisão ou o som para depois. Se possível, repita a leitura quantas vezes forem necessárias.
CONCERTO ou CONSERTO?
Certo dia, eu passava por uma das quadras do Setor Oeste do Gama, quando vi uma placa com o seguinte comercial: Faz-se concertos de roupas usadas. Foram dois erros graves. O primeiro estava no verbo fazer, uma vez que concertos estava no plural. Logo, o correto seria Fazem-se. O outro erro estava na própria palavra concerto. Alguém até poderia perguntar: por quê?
Bem. É bom sabermos e aprendermos bem que quando quisermos tirar algum defeito de um objeto, precisamos consertá-lo – com S. Mas se vamos ao teatro para uma apresentação musical de uma orquestra, por exemplo, aí sim! Lá vamos nós ao concerto – com C.
Assim sendo, ficamos sabendo que concerto – com C – é uma execução de uma obra musical, enquanto conserto – com S – é um reparo que se faz em algo que está com defeito.
Faz-se necessário saber também que concerto - com C – pode ser um acordo entre pessoas, empresas, etc.
ISSO É SUPERLEGAL ou SUPER-LEGAL?
Você já ouviu alguém dizer que não tem problemas com o hífen? Não? Pois não fique surpreso(a), pois ele tem causado muitos transtornos até mesmo a professores. Mas para facilitar as coisas, vamos colocar diante de você o seguinte: quando tiver o prefixo Super só use o hífen se a palavra seguinte começar com H ou R. Caso contrário, mande o hífen plantar batatas. Vamos para alguns exemplos:
a – Assisti ao filme do Super-homem.
b – Eu tenho um Superpai.
c – Ontem nós fomos ao Supermercado com nossos avós.
d – Nosso professor falou sobre o Super-realismo.
Desta forma, o correto será escrevermos: “Meu professor é superlegal e tem uma filha super-requintada.
Isso também serve para palavras como: superelegante, superprodução, supercampeão, supersônico, super-humano, etc.
É, ou não é supergostoso estudar o hífen depois do prefixo super? Espero que, a partir de agora, não existam mais dúvidas quanto a esse assunto.
ESSA VÍRGULA TRAIÇOEIRA!
A grande maioria dos meus alunos vivia momentos de pânico quando íamos estudar Pontuação, principalmente quando se tratava da vírgula. Era realmente um “Deus nos acuda”. Esse tipo de dificuldade era notado com muita clareza quando eles tentavam fazer uma redação.
O uso correto da vírgula é de grande importância, uma vez que ela pode mudar completamente o sentido da frase. Mas isso é extremamente necessário para tornar cada vez mais belo e gostoso o nosso idioma.
Certa vez, alguém contou uma ilustração para mostrar como uma vírgula pode fazer a diferença. O fato deve ter acontecido assim:
Um certo soldado foi levado como prisioneiro para um campo de concentração do inimigo. Dias depois, um dos oficiais enviou uma mensagem ao seu superior, para saber o que fazer com aquele militar inimigo. Escreveu o seguinte: “Queremos saber sobre o destino do nosso prisioneiro. Coloco-o em liberdade?”. A resposta veio através de uma comunicação escrita e assinada pelo coronel da corporação: “Não, execute o prisioneiro!”.
O soldado, encarregado de levar a mensagem, resolveu verificar o que estava escrito. Depois de muito pensar, resolveu apagar a vírgula. Assim, a comunicação ficou da seguinte forma: “Não execute o prisioneiro!”. Resultado: o soldado foi colocado em liberdade graças a ausência daquele sinal de pontuação.
Não sei quem foi o autor dessa ilustração. O certo é que ela é um exemplo claro desse estudo que estamos fazendo.
Se levarmos em consideração uma oração subordinada explicativa, chegaremos à conclusão de que ela pode se transformar numa oração subordinada restritiva, bastando, para isso, excluirmos as vírgulas existentes. Vejamos o exemplo: “Os funcionários, que apresentaram uma maior produção, foram agraciados com um aumento salarial.” Isso significa dizer que TODOS os funcionários apresentaram maior produção. Logo, TODOS receberam aumento salarial.
Agora, vejamos o mesmo exemplo sem as vírgulas: “Os funcionários que apresentaram uma maior produção foram agraciados com um aumento salarial.” Vejam que agora nem todos apresentaram maior produção. Portanto, apenas alguns receberam aumento salarial.
No primeiro exemplo, tivemos uma explicativa. No segundo, uma restritiva.
Certa vez, uma de minha alunas procurou-me para dizer que tinha algumas dúvidas quando se tratava de uma oração subordinada explicativa. Alguns colegas seus ainda ensaiaram uma vaia, mas foram contidos com um gesto reprovativo de minha parte.
Para uns, isso não apresenta nenhuma dificuldade. Para outros, trata-se de um “bicho-papão”. Mas vamos mostrar alguns exemplos simples, pois é a partir das coisas simples que conseguimos chegar às mais complexas. Vejamos:
I – “Deus, que é imortal, criou os céus e a Terra.”
II – “O leite, que é branco, alimenta adultos e crianças.”
III – “O gelo, que é frio, conserva nossos alimentos.”
IV -- “O fogo, que é quente, aquece-nos nos tempos de frieza.”
Veja que nos quatro exemplos há uma realidade incontestável a respeito dos elementos que funcionam como sujeitos, ou seja, ser imortal, é uma característica própria de Deus; ser branco, é uma característica própria do leite; ser frio é uma característica própria do gelo; ser quente, é uma característica própria do fogo.
Essas características próprias dos sujeitos exemplificados, são chamadas de oração subordinada adjetiva explicativa. Nesse caso, o uso das vírgulas é obrigatório, não sendo possível a sua retirada. Logo, em momento algum, essas orações podem ser transformadas em subordinadas restritivas.
ATENÇÃO!
Muito cuidado para não confundir oração subordinada adjetiva explicativa com aposto. Eles parecem ser irmãos gêmeos. Vejamos esses exemplos:
I – “Dr. Eurico, amigo íntimo do meu irmão, fixou residência aqui.”
II – “Dr. Eurico, que é amigo íntimo do meu irmão, fixou residência aqui.”
Parecidos, não? É! Mas eles são apenas parecidos. Veja que no primeiro caso, faz-se apenas uma referência ao Dr. Eurico, uma vez que a pessoa com quem você está falando não o conhece. No outro caso, aparece um QUE, notaram? Pois bem! Esse que, como pronome relativo (o qual), fez a diferença, transformando a frase numa oração subordinada adjetiva explicativa. E agora? Deu pra entender melhor? Se não deu, leia tudo outra vez, agora com mais atenção.
+x+x+x+x+x+x+x+x+x+x+
Existem palavras estranhas para muita gente. São expressões que nunca nem ouvimos falar e, se pronunciadas, nos deixam numa situação delicada. Que tal conhecermos algumas delas? Mas vamos fazer de forma diferente, certo? Vamos fazer em forma de perguntas:
• O que você diria se alguém chegasse para você e dissesse: “A senhora sua avó vive numa AGERASIA profunda!”
• Se alguém olhasse para você e dissesse: “Você tem um olhar REVERBERANTE!” como você reagiria?
• Digamos que eu dissesse: “Você está no estado de ERETOFOBIA!”, o que você faria comigo?
Bem, você deve estar ansioso para saber o que cada palavra em destaque significa, não? Pois bem! No primeiro caso, simplesmente disseram que sua avó está vivendo uma velhice saudável, robusta e ativa. No segundo exemplo, eu disse que você tem um olhar brilhante, ofuscante, cintilante. Já no terceiro caso, você não iria gostar, pois eu disse que você está naquela de não dar bola para o ato sexual, ou seja, que você tem aversão ao sexo.
Mas vamos em frente. No texto a seguir, usarei propositadamente algumas palavras que muita gente desconhece. Mas não se preocupe! No final do texto, você terá um mini-dicionário com as referidas palavras e seus respectivos significados. Vamos ao texto!!!
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
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É correto dizer " a grande maioria" ? Não é redundante? "Maioria" já não explicita a maior parte?
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