Aprenda Português em um mês

Quero aproveitar este meu Blog para dividir com os meus amigos, principalmente aqueles mais curiosos, um pouco dos meus conhecimentos da Língua Portuguesa. Será um trabalho em série, para não se tornar cansativo.
Trata-se de um resumo do livro "Aprenda Português em um mês", de minha autoria. De antemão, afirmo que não é um trabalho impecável. Logo, está sujeito à correções por parte dos ilustres e amados leitores. Fiquem à vontade!

PARTE INTRODUTÓRIA

LÍNGUA PORTUGUESA: POR QUE ESTUDÁ-LA?

Certa vez, por mera curiosidade, resolvi fazer uma abordagem junto aos meus alunos sobre a importância da Língua Portuguesa. Procurei saber deles o que os levava a estudar Português. As respostas foram as mais diversas. Entre elas, algumas chamaram a minha atenção.
Um deles afirmou que estudava Português por ser uma língua bastante difícil, fato este que despertou o seu entusiasmo por essa disciplina.
Outro afirmou que estudava Português por ser uma disciplina necessária em todos os momentos de sua vida, principalmente para quem desejava ser bacharel em Direito, como era o seu caso.
Uma aluna declarou que se sentia constrangida em não saber a sua própria língua, daí o motivo de se esforçar para saber o máximo desse idioma, apesar de suas dificuldades.
Declarações como estas nos levam, como professores, a um esforço ímpar, no sentido de proporcionarmos aos nossos alunos um sistema de ensino-aprendizagem capaz de torná-los capacitados para exercerem suas mais diversas atividades profissionais.
Agora, a pergunta será dirigida a você: Por que você estuda Língua Portuguesa? Por mera curiosidade? Por que alguém exigiu isso de você? Por que é uma disciplina a mais no seu currículo escolar? Qual a sua resposta?
Temos visto pessoas que ocupam importantes cargos, como políticos, secretários, ministros, empresários, médicos, engenheiros e outros, que cometem erros infantis, que os colocam numa situação delicada diante de uma juventude que espera tê-los como exemplos de intelectualidade.
Esforçando-se na leitura e nas pesquisas gramaticais, muitos deixariam de pronunciar frases absurdas como: “... As CPIs têm que funcionarem, têm que apurarem...”; “... Não vai ser a elite brasileira que vai fazer eu baixar a minha cabeça...”. São frases pronunciadas no dia 23 de julho de 2005, por quem deveria dar bons exemplos aos estudantes brasileiros.
Se você ligar o seu rádio e a sua televisão, com certeza irá ouvir frases absurdas pronunciadas por locutores e apresentadores, cujos programas são detentores de grandes audiências. E o pior em tudo isso é que, com a evolução tecnológica, os programas de televisão, em sua grande maioria, são transmitidos em outros países.
Estamos cansados de ouvir grandes mestres afirmarem que não existe Português errado e sim diferente. Absurdo ou não, ficamos numa posição bastante incômoda ao termos que aceitar as teses defendidas por aqueles que fizeram “mestrado” e que se sentem capacitados para infiltrar em nosso meio afirmativas incoerentes com a realidade gramatical.
Daí perguntarmos: “Por que estudar Língua Portuguesa, se nada está errado?”
Por que insistimos em usar as gramáticas, se não podemos corrigir os “incorretos”? Conforme as orientações modernas impostas por um elemento conhecido por “Construtivismo” que, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, trata-se de “uma corrente artística do século XX que privilegia uma construção de formas mais ou menos geométricas”. O aluno não pode ser constrangido, ou seja, o professor deve evitar corrigí-lo com caneta vermelha.
Colocado nessa situação, o aluno passa a ser um elemento frágil, sempre dependendo da proteção dos educadores, hoje transformados em “orientadores”. A grande verdade é que as
Reformas implantadas no Sistema Educacional Brasileiro, tiraram do profissional do ensino a capacidade de ensinar, colocando-o na simples e medíocre condição de orientador.
Se levarmos em consideração as exigências impostas nos concursos públicos e nos vestibulares, com certeza estaremos frente a frente com uma incoerência imperdoável. E sabe o que significa incoerência? Recorrendo ao Dicionário da Língua Portuguesa, conclui-se que se trata de “contradição”.
Ora, se nas escolas você diz ao aluno que ele não está errado, quando ele diz “a gente fomos”, ao participar de um concurso público ou de um vestibular, ele não pensará duas vezes para usar o mesmo termo numa redação. Aí pergunta-se: como deve proceder a comissão responsável pela correção das provas? Ignorar o absurdo cometido pelo concorrente, ou sacrificá-lo por isso?
Certa vez, ao participar de uma Capacitação em Língua Portuguesa, ouvi de um dos preletores a seguinte colocação: “Se o seu aluno disser nós vai cumê abacaxi, não diga que ele errou, mas que apenas falou diferente, pois o importante é que você tenha entendido a mensagem por ele enviada. Logo, não o corrija por isso para não deixá-lo constrangido”.
Ao final da palestra, procurei o professor e perguntei quem ficaria mais constrangido, se ele, o aluno, ou nós, os professores, ao sabermos que os nossos esforços para educá-lo teriam sido inúteis. Ele simplesmente disse que o constrangimento do aluno seria mais prejudicial a ele do que a nós mesmos.
Eu estava lecionando numa turma de concluintes do segundo grau, um grupo de pré-vestibulandos, quando entramos em discussão sobre o assunto. Um dos alunos levantou um dos braços, solicitando um “a parte”. Naquela oportunidade, ele perguntou por que os professores aceitam um aluno falar “diferente”, se a sociedade vai cobrar desse aluno um Português correto? Ele chegou a dizer que, em sua casa, quando ele faz uma colocação diferente, os próprios pais perguntam: “O que você está aprendendo no colégio? Seu professor não vê você falando assim?”
Bem, deixemos esses comentários de lado, esperando que cada um reflita sobre essas incoerências para, em seguida, fazer o seu próprio julgamento. Não queremos, de forma alguma, ser vistos como estimuladores de conflitos ideológicos e filosóficos, com o objetivo de colocarmos o construtivismo em xeque-mate.
Que os intelectuais continuem colocando em prática suas reformas, inclusive, tirando dos professores, ou melhor, dos orientadores, aquilo que lhe era de direito: a autonomia em sala de aula, hoje passada para os alunos.
Ao estudar Língua Portuguesa, não se debruce apenas sobre as gramáticas, seguindo passivamente os seus ensinamentos. Vá mais além! Seja um leitor pesquisador, para ter plenas condições de questionar com elas, as gramáticas, as questões que você considerar necessárias. Os maiores intelectuais também cometem erros, ou simplesmente se enganam.
Bom proveito no estudo da língua que você tem obrigação de conhecer, mesmo que, para isso, seja forçado a discordar de muitas coisas. Lembre-se! O homem corajoso é aquele que não se deixa levar pelas opiniões absurdas, estando sempre pronto a contestá-las.
- o autor -