terça-feira, 31 de março de 2009

MEMÓRIAS DE UM SOLDADO SEM MALÍCIAS - (Livro) - Continuação

Vista da cidade de Patos - PB, a Morada do Sol

PATOS, POR QUE TE AMO!

Quem conhece Patos e quem já conviveu com os patoenses, com certeza sabe por que eu faço tantas referências àquela cidade. A grande verdade é que aprendi a amar aquela gente, como se fosse um patoense de fato. Nos 24 anos em que vivi ali, aprendi uma grande lição: devemos amar as coisas belas e zelar para que elas sejam preservadas, nem que para isso, tenhamos que derramar suor e lágrimas.
É impossível esquecer fatos envolvendo pessoas como Ernany Sátyro, Edvaldo Motta, José Afonso Gayoso, Rui Gouveia, José Cavalcanti, Edmilson Motta, Olavo Nóbrega, Darcílio Wanderley da Nóbrega, Nabor Wanderley, Rivaldo Nóbrega e outros.
Pessoas importantes como Polion Carneiro, Juracy Dantas, Apolônio Gonçalves, Agamenon Borges, Abdias Guedes Cavalcanti, Dr. Geraldo Carvalho, Dr. Manoel Messias, não me perdoariam se chegasse a omitir seus nomes, principalmente pela nossa convivência.
Como autêntico nacionalino, não poderia esquecer o Nacional Atlético Clube, meu querido “Naça”, com seus momentos de glórias, esforçando-me para esquecer as decepções. É o Nacional do Bastinho; do Virgílio Trindade; do Dr. Romero Nóbrega, de saudosa memória; do Da Silva; do Manoel Messias; do Dirsôr; do “Buchada”; do massagista “Jabiraca” e de muitos outros que fizeram a história do alviverde patoense.
Também reservo este espaço para o Esporte Clube de Patos, o “Patinho” do Nestor Gondim; do Vavá Brandão; do Edleuson Franco, de saudosa memória; do saudoso Aloísio Araújo e de muitos outros alvirrubros das espinharas.
Saudades da Banda Marcial “Monsenhor Manoel Vieira”, do Colégio Estadual “Pedro Aleixo”, com apresentações extraordinárias e tantas vezes convidada para exibições em outras cidades. Os toques afinados das cornetas, dos clarins e dos cornetões, acompanhados da cadência dos taróis, das caixas, dos surdos, dos pratos e dos fuzileiros. Os passos dos estudantes desfilando nas avenidas Epitácio Pessoa e Solon de Lucena, sob os aplausos fervorosos das pessoas que lotavam aqueles locais.
As retretas da filarmônica “26 de Julho”, regida pelo querido Hermes Brandão, principalmente quando executava o dobrado “Saudades da Minha Terra”, o de minha preferência. É impossível esquecer coisas assim. Não podemos esquecer as maravilhas que fizeram de nossas vidas, momentos coloridos. Saudades e lágrimas se confundem nesse momento. Dá vontade de parar o tempo e retrocedê-lo até 1974, para viver novamente as alegrias do passado, sob o sol causticante da cidade que nunca deixarei de amar, minha querida Patos.
Não há como esquecer o conjunto “Z-7”, do nosso querido Zito, com suas apresentações inesquecíveis, animando as noites patoenses. Da mesma forma, lembramos do grupo musical “Os Jovens”, com Agnaldo, Antônio de Pádua, Toinho e outros, fazendo sucesso dentro e fora de cidade; do conjunto Ataulfo Alves, com Toinho, Marreco, Waldemar, Antônio Emiliano, Antônio Moreno e Joaquim do clarinete. Vale a pena lembrar de artistas como Cândida Maria, Arlene Nóbrega, Aécio Nóbrega, Tatinha e outros que cantavam os sucessos da época. Lembranças dos grandes e concorridos festivais; das matinées do Cine Eldorado; das apresentações de cantores famosos no Cine São Francisco, sob a direção competente do Almir. Os clássicos no estádio José Cavalcanti e as festas de 21 de setembro, de São João, de Natal e de Fim de Ano.
Dando um retrocesso até a década de 60, vamos lembrar da Viação Ipalma, pertencente aos empresários Ivan e Zéu Palmeira. Depois dela, surgiu a Viação Patoense, do empresário Hardman Cavalcanti Pinto.
Vamos rememorar nomes ilustres que foram orgulho para a cidade de Patos, entre eles,o Cônego Joaquim de Assis Ferreira (Pe. Assis); o coronel Deuslírio Pires de Lacerda; o senador Drauth Ernani de Mello e Silva; Dom Expedito Eduardo de Oliveira, bispo Diocesano; ex-prefeito Bivar Olinto de Mello e Silva; Dr. José Soares de Figueiredo (Zé Tota); Dr. José Gomes; Francisco Antônio de Maria (Chico Bocão), vereador de maior número de mandatos, etc.
Essa é Patos do Fluminense de Tôtô; do Estrela de Nino; do Botafogo e da Sociedade Sportiva São Sebastião (4 esses), de São Sebastião; do Olaria de Titico; do Diocesano, do Flamengo, do Espinharas do Jatobá; Do Charme de Elizardo Crispim; do Central de Binda; do Náutico; do Guanabara da Liberdade.
Não se pode falar das Espinharas sem lembrar da Peixada do Donato; dos Centros Recreativos de São Sebastião, da Liberdade e do Jatobá; do Patos Tênis Clube; do Comercial Campestre Clube; da Churrascaria Buena Brasa; do Tigrão, sob a direção do Severino; do Bar do Ferré; e de tantos outros pontos de atrações.
Quando falamos de Patos, lembramos dos bairros de São Sebastião, Vitória, Enxuí, Pé Rapado, Berra Bode, Jatobá, Monte Castelo, Salgadinho, Belo Horizonte, Palmeira e Brasília. Da mesma forma não esquecemos de figuras folclóricas, como Antônio Tranca Rua, o mudo do cinema e o barbeiro João da Cruz com sua tradicional pergunta ao final do trabalho: “Qué áico, táico ou qué qui múi?”
Ah! Amaury de Carvalho! Você foi muito feliz quando disse em sua extraordinária composição “Patos, te amo Patos!”:

“No cantinho da minha Pátria amada
e dentro do meu coração
está minha terra adorada,
de sonhos e de tradições;
o seu nome foi tirado da lagoa
dos patos tranqüilos de lá,
no mundo, uma terra tão boa,
eu creio, meu Deus, que não há!”

Realmente, Patos está e há de permanecer no coração de seus filhos, orgulhosos de tê-la como a terra que os viu nascer. Eu, que não tive este prazer, peço licença aos irmãos patoenses para dizer: “Ah, Patos! Se eu pudesse colocar-te num cofre, trancar-te com chave de ouro e guardar-te só para mim!”.
Certa vez, ao conversar com amigos na calçada da rádio Espinharas, eu disse que seria muito interessante se formássemos um time com jogadores de nomes estranhos. Pelo menos, teríamos no elenco: Farinha, Buchada, Tripa, Banana, Peba e Pistola.
Há fatos que não podemos deixar sem registros. O que envolveu Firmino, o baterista do conjunto Z-7, e Ferré merece destaque. O fato aconteceu da seguinte maneira: Certo dia, Firmino passeava com a namorada pela Solon de Lucena. De repente, viu que se aproximava do bar do Ferré, a quem ele devia 200 cruzeiros. Imediatamente, Firmino parou e sugeriu à namorada que fossem para Rui Barbosa. Não adiantou insistir. Desconfiada de que aquilo poderia ser uma jogada do namorado para não passar por outra namorada, a moça não cedeu. E lá se foi o casal. De repente, Ferré, que já esperava a aproximação do Firmino, gritou:
- Êi, Firmino! E aqueles duzentos?
Sem pensar duas vezes e como já esperasse pela cobrança, Firmino rebateu:
- Não se preocupe, não, Ferré! Depois você me paga!
A verdade é que o Ferré ficou uma fera, enquanto Firmino seguia tranqüilamente rua a fora, de mãos dadas com a namorada.
Quem ama Patos não pode esquecer as suas tradições. E uma delas é a Difusora do saudoso Otacílio Monteiro. Era um exemplo para aquela época, com auditório e até apresentação de programas aos domingos. Lembro o quanto Otacílio Monteiro se orgulhava ao colocar a difusora no ar.
“A Voz do Comércio”, outra difusora, sendo esta mais recente, tinha seus alto-falantes espalhados pela Solon de Lucena, Epitácio Pessoa e outras ruas centrais da cidade. Era um patrimônio de Patrício Neto (Patrisson) e outro veículo de comunicação que não podemos esquecer.
Pessoas que marcaram época em Patos, são lembradas aqui, enriquecendo este espaço: Dr. João Bosco Melquíades; Clemente da farmácia; Dr. Geraldo Carvalho; Dr. Efigênio Vilar, da CAGEPA; Sebastião, da Casa do Agricultor; Pastor Silas Melo, da Primeira Igreja Batista; Professor Abraão Luiz; Professor Luiz de França e outros.
Quantas saudades do bate-papo nos canteiros em frente à Prefeitura e aos Correios e Telégrafos, onde falávamos de futebol, política e outras coisas. Saudades da Praça João Pessoa e do coreto, onde nos reuníamos para momentos de descontração, contemplando o Hotel JK, com sua estrutura moderna para a época. Vou parar por aqui os momentos de saudades. Afinal, ninguém é de ferro!
Amar a cidade de Patos é mais do que um prazer. É uma obrigação daqueles que a reconhecem como um local ideal para ser feliz, para fazer amigos, para ter motivos para sorrir. É fazer amigos como o saudoso José Peixoto, proprietário do “Fumo Do Melhor”; é rememorar o casal Toinho da banca de revista “A Manchete” e d. Zuleica, que sempre pedia a música “O meu sangue ferve por você”, do Sidney Magal, para oferecer ao marido. Ter amor por Patos é lembrar o Nacional Atlético Clube e o Esporte Clube de Patos, os dois representantes da cidade na Federação Paraibana de Futebol. É não esquecer o Estádio Municipal José Cavalcanti, com seus espetáculos esportivos e com as emoções dos gols marcados por craques como Dirsôr, Menon, Clóvis, Dedé Baixinho, Da Silva, Totinha e Manoel Messias, e as defesas espetaculares de Canário, Zé Pereira, Celimarcos e outros.
Não se pode dizer que ama Patos sem lembras os acordes da sanfona de Jader, o Garoto do Forró Quente; sem lembras o repique do zabumba do Nêgo Ximba; sem lembrar Midian Alves (compositora); sem lembrar as declarações de amor que o Roberto Rack (natural das Guianas Holandesas), ex-técnico do Esporte Clube de Patos, fazia para sua amada Odísia Wanderley (“Odísio, meu querido!”), ao mesmo tempo em que cantava, imitando Nat King Cole, “Aqueles Ojos Verdes”, deixando sua amada com lágrimas nos olhos. É impossível dizer que ama Patos sem lembrar o Tiro de Guerra 07-152, comandado pelo tenente Maurílio e pelo sargento Everaldo; sem lembrar de Vicente Campos, conhecido e respeitado alfaiate da época; sem lembrar Luiz de França, do Ciclo Operário; sem ter na memória o Padre Vieira e o Padre Raimundo, bem como o querido Ariston Ayres, da padaria.
A Patos que eu amo é a Patos do conjunto “Os Jovens”, com Agnaldo Xavier, Antônio de Pádua, Toinho do Pistão e Eliomar do teclado; é a Patos da Cruz da Menina; do açude do Jatobá; do Rio Espinharas; da Praça Getúlio Vargas; do Hotel JK; da ponte do Figueiredo; da Perfumaria Glória, de João Xavier; da Algodoeira Horácio Nóbrega; da Farmácia dos Municípios, de Manuel Barros; de Severino Lustosa; de Genival Brás, da Aguardente Coroa e do vinho São Brás; do Moinho Oriental, de Gerson Nóbrega; de Vital Lins, professor de halterofilismo.
A Patos que eu amo é a Patos do saudoso José Corsino Peixoto, dos fumos “Du Melhor” e “Extra Bom” e de d. Maria José Peixoto (d. Liquinha) e de seus filhos Ronaldo (economista), Ronivaldo (médico), Romildo, Maria Ilda, Robério (militar), Maria do Carmo, , Rivaldo (bioquímico), Rosa Maria, Ana Maria (as gêmeas), Raniere, Robênia e Gilmário (militar). É a Patos do Edifício Pombal, do Dormitório do Josa, da Lanchonete “Chiquitita”, dos táxis de Zireton, Zé Galego e Zé Peri.
Não podemos dizer que amamos Patos se esquecemos nomes ilustres como Aécio Nóbrega, que chegou a integrar o grupo musical “Os Três do Nordeste”; Pinto do Acordeon (Ferreira Pinto), cantor e compositor; Dr. Otávio Pires de Lacerda; Deuslírio Pires de Lacerda, ex-comandante do III BPM; capitão Clementino; professor Durval Fernandes; professor Manoel Messias do Nascimento; José Afonso Gayoso; Rui de Andrade Gouveia; Dr. Amaury Vicente.
Como podemos dizer que amamos Patos, sem lembrarmos o grande feito do Nacional Atlético Clube (o Canarinho do Sertão), conquistando o Campeonato Paraibano de Futebol no ano de 2007, um fato inédito no futebol patoense e que deixa um registro extraordinário na história da cidade “Morada do Sol”.
Eu me sinto orgulhoso de ser “Filho” de Patos, título que guardo com muito carinho, sempre agradecido à egrégia Câmara Municipal de Patos e ao Prefeito Edmilson Fernandes Motta.

(Aguardem a continuação......)

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