quarta-feira, 25 de março de 2009

ERA UMA VEZ UM GRANDE HOMEM


Era Uma Vez Um Grande Homem

O falecimento de Virgílio Trindade Monteiro coloca um ponto final em uma história repleta de grandes feitos. Conheci Virgílio quando iniciei minha vida de radialista em passagem pela Rádio Espinharas de Patos. Era um grande amigo, um excelente companheiro. Além disso, era um crítico que sabia agradar, mesmo quando as críticas não eram agradáveis para alguns. E como ele fazia isso com classe!

Nascido no dia 9 de junho de 1940, na cidade de Piancó, Virgílio Trindade Monteiro era casado com d. Maria José Monteiro, com quem teve dois filhos: Raberta Trindade Martins Lira e Ely Jorge Trindade.. Virgílio era filho de José Trindade Monteiro e Cecília Cavalcante Monteiro. Seu falecimento ocorreu no dia 24 de março de 2009, no Hospital São Francisco, na cidade de Patos. Seu sepultamento ocorreu no cemitério de Santo Antônio, no bairro do Jatobá, por volta das 16h00.

ALGUNS MOMENTOS COM VIRGÍLIO

Lembro da reunião de cúpula do PMDB patoense, na Prefeitura Municipal, quando se escolhia o candidato para concorrer à sucessão municipal com o Dr. Carlos Candeia, cuja campanha já “estava nas ruas”. Depois de um consenso, foi escolhido o nome do médico Rivaldo Medeiros e para a sub-legenda, o nome do jovem Adão Eulâmpio da Silva. Faltava o nome do candidato a vice-prefeito.

No dia seguinte, uma comitiva, da qual eu fazia parte, Procurou Virgílio Trindade, nome escolhido na reunião da noite anterior, para fazer-lhe o audacioso convite. Lembro também das palavras do “careca”: “aceito, mas na condição de não gastar um centavo, pois eu não tenho dinheiro pra gastar em política!”. Houve um momento de risos e lá estava o nosso companheiro dando mais um passo em sua invejável jornada profissional e contribuindo para uma arrazadora vitória do PMDB.

Como técnico do Nacional Atlético Clube, soube impor a sua capacidade de grande conhecedor das táticas e técnicas do futebol. Como professor, foi um exemplo ao transmitir os seus profundos conhecimentos, contribuindo com o crescimento cultural de Patos. Como jornalista, foi amigo, conselheiro, orgulho para os que com ele conviveram nas rádios Espinharas e Itatiunga.

Mas a história de Virgílio Trindade Monteiro não tem limites. Ele foi muito mais do que se pode pensar. Mas era tão simples que parte de tudo o que fez só foi lembrada com a sua morte. Em nossos momentos, ele jamais deixou transparecer o mínimo de orgulho pelo que representava para a história de Patos. Isso é uma das marcas do autêntico profissional.

Na apresentação quinzenal do programa “Astros em Desfile”, levado ao ar às quintas-feiras pela Rádio Espinharas de Patos, Virgílio mostrava todo o seu amor, o seu carinho e o seu respeito pelos amigos que ali desfilavam, principalmente pelo conjunto Ataulfo Alves. Só ele sabia lembrar os amigos que partiram, principalmente quando se tratava do Vavá Brandão, seu amigo inseparável.

Sentia-me criança quando Virgílio me tratava de “Bebeto bom de bola”, uma expressão criada por ele. Quase que frequentemente ouvia seu programa “Astros em Desfile”, graças ao avanço tecnológico que nos trouxe a internet. Todas as vezes que eu ligava e fazia um pedido, este era atendido de imediato. Eu, Virgílio e Edleuson Franco tínhamos algo em comum: sermos vascaínos. O Clube de Regatas Vasco da Gama era uma das grandes paixões do Virgílio Trindade, que não relutava em dizer de sua preferência pelo Nacional Atlético Clube e pela Escola de Samba Portela.

Quem quisesse conversar com ele podia estar preparado. É que Virgílio não admitia assuntos banais. Para ele, tudo devia girar em torno de somatório para o crescimento intelectual do cidadão. Se a conversa tomava um rumo diferente, imediatamente ele se retirava balançando a cabeça em sinal de reprovação.

Sabendo que eu gostava de futebol, Virgílio convidou-me para assistir ao treino do Nacional (meu time de coração), no Estádio Municipal José Cavalcanti. Lá chegando, ele perguntou se eu queria dar umas carreirinhas. Eu respondi que sim e ele mandou que “Buchada”, o roupeiro, me passasse o material (chuteira e meiões). Em dado momento, eu tentei dar uma durona no Manoel Messias. Imediatamente Virgílio olhou pra mim, fez um aceno com a mão, para que eu saísse um pouco. Mandou que eu sentasse ao seu lado e, calmamente falou: “Senta aqui, Bebeto! Já treinou demais! Vamos assistir ao treino, que eu não quero perder o Messias para o próximo jogo, não!”. Nunca mais o “careca” me convidou para os treinos do Naça.

Certa vez, só para “tirar uma casquinha” com ele, eu disse que o tango era muito mais bonito que o samba. Quase que o Virgílio me engole com os olhos. Foi aí que eu disse que tudo não passava de uma brincadeira. Com aquele jeito sério, ele respondeu: “Como uma pessoa inteligente que você é, ou pelo menos parece ser, você seria incapaz de fazer uma comparação tão absurda!”

Apaixonado pela família, Virgílio Trindade tinha d. Maria José e os dois filhos Roberta e Ely Jorge como as maiores relíquias de sua vida. Era fácil notar a felicidade em sua face quando falava nessas três pessoas. E falar em d. Maria José já se tornara uma coisa corriqueira na vida do Virgílio. Ele a tratava como uma princesa, uma jóia rara. Era o outro lado daquele homem sisudo, mas que também sabia sorrir diante das coisas agradáveis.

E assim morre um grande homem, deixando uma história que todos gostarão de contar futuramente, servindo de exemplo para as geraçõers futuras.

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