segunda-feira, 30 de março de 2009

EM BUSCA DOS SEUS DIREITOS - Fábula

EM BUSCA DOS SEUS DIREITOS

O homem já se acostumou a colocar nos animais os defeitos que estes nunca tiveram. Para isso escolheram como suas vítimas o macaco, o burro, a galinha e outros que foram cognominados “os mártires da intolerância humana”.
O leão tirava uma gostosa soneca depois de uma saborosa “refeição”, quando foi despertado pelo burro, que se fazia acompanhar de outros companheiros irracionais.
- O que está acontecendo com os senhores? – perguntou o “rei” dos animais, ainda sonolento.
- Estamos aqui reunidos, meu “rei”, para apresentar nosso descontentamento diante do comportamento do homem! – exclamou o burro com um ar de chateado.
- E o que o sujeito homem está aprontando desta vez? Será que ele não nos deixa em paz!!!
- Veja o senhor, meu “rei”, que todo aquele que demonstra não saber de nada, são chamados de “burro”. Basta para isso, um aluno não dominar o conteúdo de determinada disciplina.
- Mas isso é incrível, senhor Burro! Será que o bicho homem não sabe que Deus não deixaria Seu Filho Jesus ser levado por um irresponsável qualquer! – retrucou o leão coçando o queixo.
O macaco, que tudo ouvia em silêncio, tomou a palavra e também fez a sua reclamação:
- Pois é, meu “rei”, eu também sou vítima do bicho homem. Veja o senhor que se uma pessoa é alegre, extrovertida e feliz, ela é chamada de “macaco”.
- Mas isso é uma falta de respeito, senhor Macaco! Esse bicho homem está mesmo precisando de uma grande lição! – falou o "rei" Leão, andando de um lado a outro da sala das grandes convenções.
O papagaio levantou uma das asas, sendo atendido de imediato pelo “rei” Leão.
- Comigo não é diferente, meu “rei”! Veja o senhor que tudo de ruim que acontece, eu sempre sou o culpado! Todas as piadas imorais, as mais “pesadas” possíveis, eles me botam no meio e até perguntam: “vocês já ouviram a do papagaio?” Aí todos respondem: - não conta que tem criança na sala!
- Mas será possível! Ora vejam só! São eles mesmos os mais imorais!!! – exclamou revoltado o Leão.
- Assim como vocês, eu também não estou lá muito satisfeito com o bicho homem! Vejam vocês que ele vive prevendo o meu fim!
Todos olharam estupefatos para o leão e em coro exclamaram: - O quê!!!! Até o senhor, meu “rei”???
- Claro! Estou cansado de ouvir o bicho homem dizer: “todo leão tem o seu dia de tapete”! Vocês acham pouco? Pois bem! Meu nome também foi colocado como símbolo de um negócio que eles chamam de Imposto de Renda, que nada mais é do que uma exploração aos contribuintes, mas que enriquece cada vez mais o Governo.
Os animais se entreolharam e todos gritaram em coro: - Ah, não! Precisa-
mos dar um basta nisso tudo! O que o bicho homem pensa que é? O dono do mundo?
Em princípio, não! Mas ele já inventou uma frase que diz: “Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono!”. Isso quer dizer que, apesar desse subterfúgio, o homem se acha “herdeiro” do mundo, o que não faz diferença alguma!
O galo, que também acompanhava a comitiva, olhou para os lados e, como se quisesse chamar a atenção de todos, falou:
- Por diversas vezes, minha mulher tem reclamado e até pedido para que eu tome as devidas providências, por se achar humilhada pelo homem!
- E o que estão fazendo contra ela? – perguntou o leão, coçando o queixo.
- É que quando passa uma mulher vadia, daquelas que pegam todos que encontram, todos gritam: “Olha lá a galinha!!!”
- Isso não pode ficar assim! Faremos o possível para que sua esposa seja respeitada e não volte a ser comparada àquelas desavergonhadas! – exclamou o Leão irado.
Ouvindo o relato do galo, a piranha gritou lá do meio da platéia:
- Eu também sou vítima dessas mulherzinhas safadas. Agora, não sei por que, elas são chamadas de piranhas, como se nós fôssemos desmoralizadas. Nós também exigimos respeito.
Diante daquilo, o “rei” Leão chegou à conclusão de que as coisas estavam cada vez mais complicadas. Precisava tomar as devidas providências e com a máxima urgência. Pensou por alguns segundos e bradou:
- Está bem! Irei enviar um Ofício ao Presidente deles, exigindo todo o respeito devido aos animais. Caso contrário, faremos uma greve geral, em protesto contra os maus tratos recebidos!
O elefante ergueu a tromba, deu um grito e exclamou:
- Concordo com a atitude de Vossa Majestade! Porém, é preciso que tenhamos sorte para que este documento o encontre num momento de sobriedade. Que ele não tenha tomado nenhuma “pinga”!
O Ofício foi levado pela senhora águia que, para isso, tomou todas as precauções, desde a maquiagem até as roupas mais finas e adequadas para o momento.
Horas depois ela estava de volta. Todos ainda estavam na sala à espera do resultado da missão. D. Águia sentou-se numa cadeira especial e falou:
- Bem, a nossa parte está cumprida. O ofício foi entregue a um dos que eles chamam lá de ministros. Ao receber, ele disse que precisamos ter paciência, uma vez que a agenda do Presidente está cheia, desde as longas viagens ao exterior, até os encontros e os jantares com empresários e representantes da Câmara e do Senado.
Diante desta declaração, o “rei” Leão olhou para os presentes e falou:
- É, amigos! Pelo visto, vamos ter que esperar mais uns cem anos pra frente.
Todos se retiraram levando consigo a certeza de que a flora e a fauna continuarão nas mãos destruidoras e criminosas do animal chamado HOMEM.

- Adalberto Claudino Pereira -

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