O PARDAL E O ROUXINOL
Era uma vez um rouxinol, que cantava tão bem, que chegou a despertar a atenção dos chamados colecionadores de pássaros. Ele passou a ser perseguido de forma tão ferrenha que chegava a parar de cantar e a se esconder com a aproximação do seu perseguidor.
Os dias passaram e, “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, o rouxinol acabou caindo nas armadilhas preparadas pelo algoz visitante. E lá foi ele calado e cabisbaixo apenas com uma certeza: seria o mais novo “hóspede” daquele ingrato colecionador.
A nova residência do rouxinol era uma verdadeira mansão, que passou a ser visitada pelos mais íntimos amigos do orgulhoso caçador, a fim de ouvir as lindas melodias interpretadas com tanta perfeição pelo novo “hóspede”.
Era tão belo o cântico do rouxinol, que chegou a chamar a atenção de um pardal que vivia na redondeza que, de longe e sem ser visto, resolveu fixar residência numa árvore próxima à “residência” do novo “Caruso”.
Os dias passavam e, não mais resistindo ao cântico do rouxinol, o pardal resolveu se aproximar mais, até que foi notado pelo rouxinol, que o convidou a ficar mais próximo. O convite foi aceito de imediato e os dois tornaram-se grandes amigos.
Com o olhar entristecido, o pardal desabafou:
- Você canta muito bem. Como eu queria ter uma voz assim, afinada e admirada por todos! Eu fico aqui observando quantas pessoas famosas vêem te ouvir!
Vendo a tristeza estampada no olhar de seu amigo, o rouxinol respondeu:
- Você está enganado, amigo! Você é um sortudo! Por não ter uma linda voz, ninguém lhe persegue! Você é livre e deve dar graças a Deus por isso!
- Mas você vive numa gaiola de ouro, toma água mineral, come comidas selecionadas e é admirado por todos. Mas eu, ao contrário, vivo mendigando os restos de comidas que os homens lançam ao relento!
Mais uma vez o rouxinol respondeu:
- Veja você, amigo pardal, mesmo assim, eu preferia ser livre, viver de árvore em árvore, comer as migalhas espalhadas na relva e beber as águas dos córregos. Assim, eu seria bem mais feliz!
- Eu lhe entendo, amigo rouxinol, mas fique sabendo que, por não ter um canto bonito, ninguém se importa comigo. Assim, eu vivo fugindo para não ser alvo de meninos perversos que me caçam apenas pelo simples prazer de matar. Afinal, quem choraria a minha morte?
O rouxinol olhou para o pardal e, como se estivesse pensando na situação, respondeu:
É, amigo pardal! Cheguei à conclusão de que cada um de nós vive problemas diferentes! É como dizem os humanos “se correr o bicho pega; se ficar, o bicho come!”
MORAL DA HISTÓRIA: Cada um em seu canto, chora o seu pranto.
(Adalberto Claudino Pereira)
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário