segunda-feira, 20 de julho de 2009

MEDICINA EM FOCO - PARTE 1 - FEBRE AMARELA

FÊMEA DO AEDES AEGYPTI.

A FEBRE AMARELA

A febre amarela é uma moléstia infecciosa causada por um vírus. Há quem diga que ela é originária, provavelmente, da África Ocidental ou das Antilhas. Somente em meados do século XVII é que foram feitas as primeiras descrições médicas da doença. Afirma-se que por volta de 1665, uma expedição formada por ingleses, perdeu 1440 dos 1500 tripulantes, vítimas da moléstia. O fato aconteceu em Santa Lúcia, uma pequena ilha do Caribe.

O inseto transmissor da moléstia é chamado cientificamente de AEDES AEGYPTI. Ele vive em locais habitados pelo homem. Um fato curioso: somente as fêmeas picam o homem, mesmo durante o dia, a fim de alimentar-se de sangue, propagando, assim, a doença infecciosa. Já os mosquitos do gênero HAEMAGOGUS, que vivem nas florestas úmidas, alimentam-se do sangue dos macacos, propagando a febre amarela entre os símios.

OBS.: Na época das derrubadas de matas, os haemagogus podem atacar também o homem, transmitindo-lhe a febre amarela. Somente em 1932 é que foi descoberta a relação entre esses mosquitos e a febre amarela em seres humanos.

A febre amarela é considerada uma doença polifórmica, porque seus sintomas apresentam muita variação. Na forma clássica, o vírus transmitido pelo inseto permanece em latência no organismo humano por um período de cinco dias. Depois disso, os sintomas começam a se manifestar.

A febre amarela pode apresentar uma série de configurações, além da forma clássica. Quando ela é superaguda, cuja evolução é fulminante, a morte do paciente pode ocorrer no primeiro dia de manifestação dos sintomas. Quando ela se apresenta na forma abortiva, o paciente vai diretamente do período de recesso para o de recuperação total. Já a febre amalera frustra tem uma semelhança com a do tipo clássico, com sintomas bem mais leves.

Quando a febre amarela se manifesta de forma inaparente ou ambulatória, a pssoa sente um ligeiro mal-estar, em conseqüência das dores de cabeça, vômitos e febre. Neste caso ela tem uma duração rápida. Trata-se de uma manifestação mais comum em pessoas que já tiveram febre amarela e conseguiram desenvolver os anticorpos contra o vírus.

OS SINTOMAS: A pessoa começa a se queixar de forte dor lombar, que se estende para o abdome e para os membros inferiores, dificultando a locomoção. A cabeça parece que vai estourar e a claridade torna-se insuportável. A língua fica seca e áspera. Começam a aparecer calafrios seguidos de intenso calor e a temperatura do corpo pode chegar aos 40 graus. A pessoa passa a sentir uma sede terrível. Segue-se ansiedade, inquietação e insônia, além de náuseas e vômitos com freqüência.

Esse é o período infeccioso, rubro ou congestivo, que dura de 2 a 3 dias, estágio em que o vírus amarílico está disseminado por todo o organismo, podendo ser isolado no sangue do paciente. Após manifestações violentas, os sintomas se amenizam e o paciente chega a desfrutar de tranqüilidade por mais de 24 horas. É o que se chama de PERÍODO DE RECESSO.

Novos sintomas aparecem, agora de caráter basicamente digestivo e urinário, que se associam a profundas hemorragias. O paciente sente violenta sede e dor epigástrica provocando o chamado VÔMITO NEGRO, de cor marrom-escura, conseqüência de acumulação de sangue coagulado no estômago, em decorrêncfia da hemorragia. As feses aparecem misturadas com sangue escuro, completando o quadro da melanorréia. A função renal se modifica e a pessoa passa a urinar pouco. A urina apresenta elevado teor de albumina.

A febre amarela chega a grandes proporções devido ao caráter doméstico do AEDES e a conseqüente facilidade que tem de atingir o homem. Desta forma, a moléstia se manifesta como epidemia, principalmente nos centros urbanos, onde a concentração populacional é bem maior. Ao ser comprovado o papel do AEDES na transmissão da moléstia tiveram início grandes campanhas visando o seu extermínio. Muitos países conseguiram eliminar os perigosos insetos. Outros ainda vivem o drama de sua presença.

No Brasil, conduzida por Oswaldo Cruz, entre 1903 e 1905, a luta contra o mosquito foi eficaz em vários lugares, mesmo assim, foram relatados casos da febre amarela. Houve regiões onde o combate à moléstia foi decisivo e todos esperavam que ela não mais se manifestasse. Mas isso não aconteceu e as autoridades sanitárias resolveram procurá-la com mais intensidade, mas o inseto não era encontrado.

A PREVENÇÃO: O combate ao Aedes aegypti é a medida de prevenção que se apresenta com maior eficiência. Somente depois do estabelecimento de um diagnóstico preciso, as autoridades sanitárias conseguiram impor medidas de prevenção contra a febre amarela. Na ausência de um tratamento específico para a enfermidade, o cuidado médico está concentrado nos métodos de prevenção, como a aplicação de vacina e o combate ao mosquito.

A limitação da epidemia é possível através da vacinação de pessoas que vivem em zonas ameaçadas. Contra a febre amarela silvestre, a única solução é a aplicação de vacina, uma vez que não se pode combater com eficiência o mosquito nem o macaco. As vacinas preparadas com o vírus amarílico apresentam efeitos duradouro. Até os 10 anos depois de serem vacinadas, as pessoas ainda conservam no sangue os anticorpos contra o vírus.

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