SEM FRONTEIRAS
Por diversas vezes fico a pensar sobre a força que temos para mudar situações, sem que isso aconteça em todos os momentos, nos quais precisamos usar a nossa disposição em busca de soluções para problemas que, de uma forma ou de outra, nos afligem. Mas o pior é que isso acontece quase que constantemente, deixando-me na obrigação de sair do silêncio e exteriorizar esse sentimento que me atormenta dioturnamente. Aí vem aquela força que me leva a escrever, mesmo sabendo que posso causar constrangimento em alguém. Mas, entre constranger dizendo a verdade e ficar calado acorvadando-me diante da verdade, prefiro constranger até mesmo os mais queridos e respeitados amigos.
Recentemente, Brasília foi despertada com uma notícia bombástica : O MENSALÃO DO DEMOCRATAS BRASILIENSES. E o fato não teria grandes proporções se dele não fizesse parte, como principal protagonista, o Governador de Brasília, José Roberto Arruda que, independente de tudo o que aconteceu, vinha surpreendendo a todos com mais de duas mil obras num curto período de mandato.
Imediatamente, e como num passo de mágica, alguns manifestantes, em sua grande maioria estudantes, armaram barracas e fizeram da Câmara Distrital um ponto convergente-divergente para mostrarem a sua sede de « Justiça », exigindo a todo custo, providências enérgicas e urgentes urgentíssimas por parte dos Deputados Distritais. A ordem da desorganizada manifestação era uma só : FORA, ARRUDA !
Em outro cenário, não menos confuso, a Polícia Federal estava bem à vontade para dar uma resposta à população quanto a veracidade das denúncias feitas por um « fiel amigo » do governador, um cidadão chamado Durval Barbosa que, sufocado de processos pelas suas falcatruas, tentava se beneficiar de uma « brecha » criada pela nossa extraordinária Justiça, segundo a qual, bandido que denuncia o outro, terá sua pena reduzida. É uma inspiração naquele adágio popular que diz: « ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão »
Concomitantemente, o Ministério Público, cujo comandante maior, o ministro do Supremo, é indicado pelo Presidente da República, também fazia plantão para acelerar o processo contra o governador do Distrito Federal. Isto é, o senhor José Roberto Arruda estava cercado de « pitt-buis » por todos os lados, chegando ao ponto de se entregar à própria sorte. Sorte esta que chegou mais cedo do que ele esperava: o abandono dos seus mais « fiéis amigos » que, nos momentos de glórias, o ovacionavam de todas as formas. Agora, sufocados por forças ocultas, transformavam-se em verdadeiros carrascos.
Assistia a tudo pasmado! Entre a decepção e o conformismo, apegava-me a uma lógica que estava muito distante da realidade, mas bem próximo da própria lógica: pensava eu no fato desses manifestantes arregaçarem as mangas e partirem de encontro aos terroristas que invadem terras alheias, justificando uma utópica Reforma Agrária mas que, na verdade, espalham o medo e destroem o que pessoas inocentes construiram com suor e lágrimas.
E nem precisavam entrar em choque com esse bando de desocupados. Bastava apenas acampar diante da residência Presidencial, com faixas, cartazes e palavras de ordem, exigindo do presidente o fim do uso do dinheiro público no estímulo ás investidas criminosas e já insuportáveis do MST. Na minha humilde condição de observador, esses manifestantes falham nas escolhas dos momentos de deixarem seus compromissos para lutarem pela moralidade nacional ; Abrem, desta forma, precedentes para colocarem em dúvida o seu compromisso com a imparcialidade.
No escândalo do Congresso Nacional, quando o Presidente do Senado foi acusado de corrupção e contra ele foram lançados onze processos, todos eles bem evidentes, senti a falta desses « corajosos » e valorosos jovens estudantes. Talvez naquele momento cruciante para a Nação, eles estivessem « DEITADOS ETERNAMENTE EM BERÇO ESPLÊNDIDO ». Ou talvez não tivessem encontrado quem os estimulasse. Talvez tenha-lhes faltado um « empurrãozinho » da imprensa, que também deve ter considerado o caso insignificante para a implantação da moralidade política no país. É que muitas vezes a imprensa dorme quando deveria estar acordada.
OBSERVAÇÃO : Colocaram para presidir a Comissão de Ética do Senado, que julgaria os onze processos contra Sarney, um amigo do senador. Até o PT deu uma « mãozinha »! Azar do Arruda, que não teve a mesma sorte.
Foi extraordinária a participação dos nossos jovens nos movimentos em prol do Impeachment do presidente Fernando Collor de Melo. Curioso, resolvi entrevistar, na época, alguns daqueles « heróis », na ânsia de colher opiniões inteligentes a respeito do episódio idealizado pelo nosso fértil Senado. Para minha surpresa, as respostas demonstraram a falta da evolução intelectual dos manifestantes. A pergunta feita foi: O que leva você a participar deste movimento? Vejamos algumas respostas: « Sei lá! Um amigo me chamou e eu vim! »; « É que eu gosto mesmo é da bagunça! »; « Não tinha nada pra fazer! Então... estou aqui! »; « Quero ver este cara ir plantar batatas ! ».
São estes os nossos jovens que, completando 16 anos de idade, estão completamente aptos para, através do voto « consciente », mudar a história do Brasil, embora ainda sejam menores perante a justiça, não podendo ser julgados, caso venham praticar sequestros, assaltos à mão armada, assassinatos e outros atos que contrariem o nosso Código Penal. Da mesma forma, por serem menores, não podem ser habilitados para dirigir veículos motorizados. Se fizermos a mesma pergunta hoje, em pleno século XXI, com certeza as respostas não serão diferentes, justamente porque não houve ainda um crescimento no seu Quociente Intelectual, principalmente daqueles que trocaram o « crak » pelas bibliotecas.
É incrível como as coincidências acontecem, mesmo sendo os fatos bastante distantes entre si. Voltemos para um passado bem distante e rememoremos um fato que aconteceu há muito tempo atrás. O personagem principal chamava-se Jesus Cristo. Ele tinha vários seguidores fiéis, entre eles um cidadão chamado Judas Escariotes, que O traiu, colocando-O nas mãos dos seus assassinos. Um deles, O negou três vezes, mesmo sendo por Ele muito amado. No dia de sua crucificação, todos os seus « amigos » O abandonaram. Depois de morto, alguém que talvez ele nem conhecesse tão bem, deu-lhe um túmulo novo, pois se dependesse dos seus seguidores, Ele teria apodrecido na cruz.
Não quero fazer comparações santificadas. Mesmo porque assim procedendo, estaria cometendo um pecado imperdoável. Apenas, comparo os fatos. Agora, dois mil e dez anos depois, a história se repete, apenas com mudança nos nomes dos personagens. Mas, independentemente das diferenças, os episódios das duas traições são bastante semelhantes. Só que o Judas da primeira história teve a coragem de suicidar-se, vencido pelo remorso e abandonado pelos que lhe pagaram pela traição. Mas são muitos os que ainda não param de gritar FORA! FORA! Palavras que substituem muito bem aquelas do passado : CRUCIFICA-O! CRUCIFICA-O!
No caso de Brasília, o próprio Ministério Público, que julga e condena sem que o réu se defenda, na ânsia de colocar o governo do Distrito Federal nas mãos do Partido dos Trabalhadores, tentou « rasgar » a Constituição Federal e pisotear a Lei, com uma intervenção Federal. Absurdo ou não, compara-se esta atitude anti-democrática ao que acontece na Venezuela do Hugo Chavez, e na Cuba do Fidel Castro. Com a intervenção Federal, o presidente Lula estaria à vontade para indicar o novo governador, que seria o deputado Distrital Cabo Patrício. Consolidarizava-se assim, a ditadura civil, antes condenada com tanta veemência pelo próprio PT.
Recentemente, vi, estupefato, o presidente Lula abraçando Fidel Castro e sendo recebido pelo ditador cubano Raul Castro, justamente num momento cruciante da política cubana: a morte de um preso político, vítima de uma greve de fome. Conhecendo o passado do nosso presidente, que sempre combateu com muita arrogância e prepotência a ditadura militar, esperava que ele fizesse um discurso condenando o comportamento do presidente de Cuba. Como ele é acostumado a se meter nos assuntos dos outros países na esperança de ser visto como um pacificador mundial, pensei cá com meus botões: « agora o pau vai quebrar ! ». Puro engano! Mas ainda tinha um trunfo : a gloriosa e sempre atenta imprensa « investigativa » que, certamente, exploraria a conivência do primeiro mandatário da Nação brasileira. Novo engano!
Precisamos vencer as fronteiras que impedem o crescimento da moralidade nacional. E isso só será possível quando os meios de comunicação saírem da condição de marionetes manipuladas pelas forças politiqueiras de quem acha que pode dominar a tudo e a todos, através de barganhas. Não se pode mais viver naquele círculo vicioso do « toma lá, dá cá », onde os maiores vencedores são aqueles que vendem a consciência dos menos favorecidos que, ao contrário, nada recebem para garantir um futuro próspero, tendo os seus direitos respeitados.
Agora, pelo caminhar da carruagem, parece que precisamos investigar a nossa imprensa, a fim de descobrirmos por que ela se omite com tanta facilidade diante de acontecimentos que, pelo seu potencial, precisam de uma investigação mais profunda, rígida e criteriosa. Precisamos saber quem está por trás de tudo isso, ao ponto de calar a tão famigerada IMPRENSA INVESTIGATIVA. Desconfio e não tenho receio em afirmar que os nossos jornalistas acham-se « amordaçados e algemados », quando os fatos envolvem determinados grupos que comandam a política nacional. Acovardar-se num momento como este não é próprio de quem tem agido com tante ganância em certos momentos.
Espera-se que, a partir do caso do MENSALÃO DO DEM DE BRASÍLIA, a imprensa « investigativa » exiga a reabertura dos processos contra aqueles que macularam o nome do Congresso Nacional, não esquecendo de julgar os envolvidos no Mensalão patrocinado pelo Partido dos Trabalhadores. José Roberto Arruda vai deixar desocupada uma cela na Superintendência da Polícia Federal, que deverá receber novos inquelinos. Os nomes desses, o Brasil inteiro já sabe. Pelo menos os que não têm a memória curta, como se propaga por aí. Precisamos romper as fronteiras da parcialidade neste país.
Sem fronteiras, seremos capazes de caminhar de cabeça erguida, sem a interferência de poilitiqueiros mesquinhos, enganadores e sem respaldo moral para nos representar no cenário político nacional. Sem fronteiras, não seremos mais escravos, vivendo o que foi dito pelo ex-presidente Getúlio Dorneles Vargas: « O povo de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém ! ». Sem fronteiras, nosso horizonte da esperança será mais amplo e o ar que respiramos será muito mais agradável. Sem fronteiras, o povo será mais povo, com direito a pensar e ajudar nas grandes decisões. Sem fronteiras, aglutinaremos forças para superarmos os obstáculos e vencermos o invencível. QUEM DARÁ O PRIMEIRO PASSO ???
< Adalberto Claudino Pereira >
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quinta-feira, 4 de março de 2010
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