terça-feira, 9 de março de 2010
FIDELIDADE: UM PRODUTO EM EXTINÇÃO!!!
BOM SERIA SE OS HOMENS CONSEGUISSEM VIVER ASSIM
FIDELIDADE
Afinal, o que podemos entender por FIDELIDADE? Quais as características de uma pessoa fiel? Homem fiel é aquele que honra o seu lar e respeita a sua companheira, mesmo diante das adversidades que o casamento possa apresentar (desemprego, doenças, conflitos de opiniões, etc.). É assim que muitos opinam, quando o assunto é fidelidade.
O empregado fiel à empresa recebe dos seus superiores uma atenção toda especial, que pode envolver um aumento salarial ou até mesmo numa saudável promoção.
E na política? Existe fidelidade entre políticos e facções partidárias? Eis a questão! Este tem sido um ponto bastante questionado, chegando a envolver diretamente os Tribunais Regionais Eleitorais, estendendo-se ao Tribunal Superior Eleitoral que, usando de suas próprias interpretações, passam a tomar decisões muitas vezes criticadas.
Certa vez, em conversa bastante informal, comentei com um amigo sobre o caso de uma senhora que gritava euforicamente em defesa de um filho que estava sendo preso, sob acusação de assalto à mão armada, sequestro, homicídio e estupro. Perguntava o colega, como uma pessoa podia defender um elemento de tamanha periculosidade. Foi aí que eu respondi: esta é a maior prova de fidelidade materna. Neste momento, o coração ocupa todo e qualquer espaço da razão.
A palavra INFIDELIDADE nada mais é do que um simples eufemismo de TRAIÇÃO. Isso significa dizer que o infiel é uma pessoa traidora, aquela em quem não se deve depositar confiança. Já vi muitos exemplos de pessoas que passaram a vida inteira sendo beneficiadas e, na primeira oportunidade, esqueceram os seus benfeitores e os traíram. Mas, para muitos, não há traição maior quando esta vem através da pessoa amada. Ser traído pelo maior e melhor amigo é algo imperdoável.
Mas a infidelidade é algo sem limite. depois de receber tudo das mãos de Deus, o Criador do Universo, Adão O traiu, ao desobedecer a Sua ordem. Logo, a desobediência é uma forma suscinta de infidelidade. É o caso da história de Sansão que, depois de confiar seu segredo a Dalila, foi por esta entregue aos seus inimigos. Davi tinha em Urias, um soldado de sua mais inteira confiança, até que certo dia tomou para si sua mulher. Mas a infidelidade de Davi teve consequências terríveis, depois que mandou matar Urias para ficar em definitivo com Betseba, sua mulher.
Na política, a infidelidade partidária anda de «vento em popa», graças as constantes ofertas de vantagens. No tempo da minha infância, o bipartidarismo era algo extraordinário. Com a existência de dois partidos, na ápoca UDN e PSD, a fidelidade era algo notório. Ou o político era da União Democrática Nacional, ou era do Partido Social Democrático. Até os eleitores mostravam fidelidade aos seus partidos e, consequentemente, aos candidatos. As campanhas eram acirradas, os comícios eram bastante disputados e era uma raridade vermos um candidato trocar de partido. Eleitor da UDN não ia aos comícios do PSD e vice-versa.
Cada partido tinha uma filosofia política própria e a defendia com «unhas e dentes». O programa dos governantes pertencentes a uma agremiação política era totalmente diferente do programa de seus adversários. Daí, o surgimento de outras siglas, levado pela insatisfação de alguns políticos, fato este que fez surgir o pluripartidarismo. Mesmo assim, homens de caráter decidiram criar o Movimento Democrático Brasileiro – MDB, partido que cresceu de forma extraordinária, tendo como seu concorrente maior o Partido Democrático Social. Foi justamente o MDB, comandado pelo saudoso Ulisses Guimarães, o expoente da Constituição de 88 e, porque não dizer das Diretas Já!
Esses dois partidos foram perseguidos de forma brutal pelo ainda pequeno e insignificante Partido dos Trabalhadores, sob o comando do sindicalista Luis Inácio da Silva. Mesmo assim, os grandes homens do passado, fiéis às suas tradições políticas, não se intimidaram. Fatos estranhos aconteceram ao longo da história política do Brasil. Entre eles podemos citar as mortes de Tancredo Neves e Ulisses Guimarães. A proliferação dos partidos, muitos até sem nenhum respaldo ideológico, trouxe à tona, a necessidade das barganhas, as chamadas «toma lá, dá cá», grandes embriões da infidelidade que, ao longo dos tempos, vêm crescendo assustadoramente.
Nascia, concomitantemente, a obrigatoriedade de se colocar a palavra PARTIDO, para que as agremiações tivesses seus registros oficializados. O MDB passou a ter um nome maior: PMDB, mesmo com a letra P um pouco diferente das demais. Hoje não mudou apenas o nome, mas o caráter de alguns PARASITAS que se aproveitaram da grandeza do partido para tirarem proveito próprio. A infidelidade aos princípios éticos do PMDB vem crescento desenfreadamente. No Senado, são muitos os que, benefiaciados pelas esmolas do Palácio do Planalto, trairam a filosofia do partido e a confiança dos eleitores conscientes, proferindo discursos inflamados em defesa do PT, o maior algoz do PMDB nos áureos tempos de Ulisses Guimarães.
Conversando com um prefeito de quem eu era grande amigo, entre um gole e outro de cerveja, entrei nos méritos da questão. Ele apenas ouvia o meu relato, enquanto, vez por outra, deixava escapar um leve sorriso. Depois foi a vez dele dizer : «Não tiro a sua razão, pois esta é a grande verdade! Só quero te dizer que a infidelidade deixa de existir a partir do momento em que, por discordar de alguma posição tomada pelas suas lideranças, o político troca de partido, escolhendo um que atenda às suas ideologias. E é assim que deve agir o político que não se sente à vontade no seu partido de origem. Isso, por sinal, é muito natural».
O caráter daquele homem público era algo admirável. Fiel ao seu partido, o PMDB, cumpriu o seu mandato de forma irrepreensível, não deixando espaço para suspeitas. Foi prefeito uma só vez, o suficiente para mostrar que se pode governar sendo fiel ao partido e honesto na condução dos destinos do município. Foi para mim um grande mestre e para o município, um exemplo de caráter.
Certa vez, uma jovem perguntou ao seu namorado e futuro marido: «o que você entende por fidelidade?». Ele colocou uma das mãos no queixo, coçou a cabeça e, antes que dissesse qualquer coisa, a jovem disse: «Por que você tem tanta dificuldade para responder? Por acaso você acha que eu posso confiar em quem não dá importância a um dos pilares de sustentação do casamento?». E você? Já tentou aperfeiçoar a sua fidelidade, ou ainda é daqueles para quem ela depende das oportunidades?
Na década de 70, eu fazia a campanha política de um candidato, na cidade de Patos, no sertão paraibano e recebi a incumbência de visitar alguns locais na zona rural. Chegando em um sítio com uma população de pelos menos duzentas pessoas, cheguei em uma residência, onde fui muito bem recebido. Tomei água de pote e, em seguida, um cafezinho daqueles torrados em casa. Ia tudo às mil maravilhas, até que falei em política e pedi votos para o meu candidato. Para minha surpresa, o cidadão, matuto por natureza, respondeu : «gosto muito de você e lhe respeito muito, mas aqui a gente vota mêrmo é no doutô Fulano!». Quanta fidelidade num homem sem diploma, pobre de bens materiais, mas rico de caráter.
Esse fato eu contei aos meus filhos, quando um deles me questionou sobre FIDELIDADE. Aliás, aquela foi uma lição de vida que guardo comigo até hoje e espero deixar como herança para os meus filhos. Aprendi com aquele matuto, homem da roça, mãos calejadas e pele queimado do sol causticante do sertão da Paraíba, que os bens materiais, os anos de faculdades e a convivência com os intelectuais não são capazes de levar o homem a respeitar os seus semelhantes.
Ligo a televisão e vejo políticos mentirosos pregando o que não vivem, na tentativa de ludibriar os menos esclarecidos. Palavras como RESPEITO, ÉTICA, CARÁTER, VERGONHA e outras semelhantes são pronunciadas por bocas apodrecidas pela insensatez de muitos que traíram a confiança dos amigos. Vejo o triste e vergonhoso exemplo de um deputado que apoiava um candidato à Presidência da República e, no meio da campanha, o abandonou para apoiar outro, cujo partido político nada tinha a ver com o seu. Esse cidadão, que age desavergonhosamente, não tem o mínimo de pudor e de vergonha ao falar de ética.
E agora? Já deu para você entender o que é FIDELIDADE? Espero que, depois de tantos exemplos, você seja capaz de fazer uma lista de políticos infiéis, ou traidores, como queira. Se quiser uma lista menor, para ganhar tempo e espaço, opte pelos políticos fiéis. Embora saibamos que é difícil mas não impossível, vale a pena o sacrifício.
Um abraço e paciência na escolha dos homens de caráter.
(Adalberto Claudino Pereira)
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