terça-feira, 16 de março de 2010
NOSSO ADEUS A ZÉ DA TROMPA
UM ADEUS AO MAESTRO E AMIGO ZÉ FERNANDES
Fazer amigos é algo indispensável na vida de um ser humano. No entanto, muito mais indispensável é saber conservá-los. Ao longo dos 24 anos de residência em Patos, consegui fazer muitos amigos e ainda hoje conservo alguns deles. O amigo de quem pretendo falar, eu descobri nos meios artísticos. Seu nome: JOSÉ FRANCISCO FERNANDES. Assim fica até difícil saber de quem se trata. Mas se eu disser ZÉ DA TROMPA, todos patoenses conhecerão e dirão com certeza: claro que conhecemos! Não somente Patos, como também Taperoá, a terra natal do maestro Zé Fernandes!
Lembro que comparecia aos ensaios da Filarmônica 26 de Julho, ali nas proximidades da Rádio Itatiunga (na Praça da Pelota), com meu gravador em punho para gravar alguns dobrados. E quando ali chegava, o maestro Zé da Trompa imediatamente substituía as partituras que estavam nas estantes dos músicos e colocava as do dobrado de minha preferência: SAUDADES DA MINHA TERRA. Ele fazia isso com a maior felicidade. Era um homem feliz, sorridente, amigo, companheiro. A música era um dos grandes amores de sua vida.
Certa vez, ele resolveu fazer algo mais para a preservação da filarmônica: com uma visão futurista, criou uma escola de música e a ela se dedicou. Era a menina dos seus olhos. No carnaval, formou uma orquestra e resolveu acreditar em mim, convidando-me para ser um dos seus cantores. E quem conseguia dizer NÃO ao Zé da Trompa? É que ele chegava com um sorriso tão simples, tão honesto, que seu pedido se transformava em uma ordem. E lá estava eu cantando na Orquestra do Maestro Zé Fernandes. Era tão legal que dava vontade de pagar para fazer parte dela.
Certo dia, eu estava ouvindo o programa do também saudoso Virgílio Trindade, levado ao ar quinzenalmente às sextas-feiras, pela Rádio Espinharas, quando fui surpreendido com o colega Roberto Fortunato falando das ruas de Patos, onde desfilava o bloco “LÁ VEM O ZÉ DA TROMPA”, uma homenagem mais do que justa a quem soube escrever seu nome nas páginas históricas da música popular em Patos. Imediatamente, entre feliz e emocionado, liguei daqui de Brasília, para dizer da minha alegria naquele momento.
Mas, por que eu estou lembrando de tudo isso? O que me faz escrever agora com o rosto banhado de lágrimas, quase sufocado pelo soluço da dor? Ah! Como seria bom se tudo não tivesse passado de um sonho! Se a notícia que me constrangeu tivesse sido apenas um engano! Mas não foi! Infelizmente, não foi! Zé da Trompa havia morrido de verdade! Patos cobriu-se de luto e a música perdeu parte de sua afinação. E tudo aconteceu fatidicamente no dia 14 de março, quando elementos inescrupulosos, bandidos de alta periculosidade, na ânsia de colocar em prática seus atos assassinos, resolveram silenciar o nosso Zé Fernandes. E que mal havia ele praticado? O de alegrar nossas almas com as harmoniosas notas musicais, transformadas em belas canções? Por que logo o nosso Zé da Trompa?
O corpo do agora saudoso amigo foi velado no lugar mais apropriado: o Centro Cultural Amaury de Carvalho, na cidade de Patos que, certamente, recebeu os seus mais fiéis amigos e admiradores. Hoje, seu corpo repousa no Cemitério São Miguel, no bairro do Belo Horizonte, para onde foi levado às 08h:00 da manhã do dia seguinte, acompanhado pela Banda de Música da Polícia Militar e pela Filarmônica 26 de Julho.
E como nada mais podemos fazer, resta-nos conservar na lembrança os saudáveis e inesquecíveis momentos em companhia do nosso Zé da Trompa. Que Deus console a família enlutada, dando-lhe força para superar a angústia da separação.
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