QUEM É O CULPADO?
É, por demais preocupante, o crescimento insustentável da violência nas escolas, principalmente nas escolas públicas, onde os professores se tornaram alvos dos delinqüentes travestidos de alunos. Nelas, o índice de agressões é bem maior que nas escolas particulares.
Lembro com muitas saudades os meus tempos de estudante, quando os professores eram peças importantes e indispensáveis para a formação de grandes cidadãos. Era a época em que a disciplina colocava o aluno na posição de verdadeiro discípulo, tendo no professor um transformador de mentalidades.
Recordo um fato que deveria ser um exemplo para os dias atuais: Meu colega Mailton escreveu as iniciais do nome dele na carteira. De imediato, o pai dele foi chamado à Diretoria para tomar conhecimento do fato. Resultado: o Mailton só retornou às aulas depois que o pai dele mandou limpar a “sujeira” provocada pelo filho que, para cumprir a disciplina, foi suspenso das aulas por três dias. Era assim que funcionavam as escolas nos tempos da VERGONHA.
Hoje, vejo estarrecido, centenas de carteiras destruídas acumuladas nos pátios das escolas, resultado do vandalismo de alunos indisciplinados, sem que nenhuma providência seja tomada para coibir este tipo de rebeldia, que culmina com prejuízos incalculáveis para os poderes públicos e para a própria população brasileira, que paga altos impostos para manter o Estado.
Se perguntarmos DE QUEM É A CULPA, ficaremos diante de uma situação constrangedora, uma vez que o problema é jogado de mãos em mãos, como se tudo isso se resumisse num jogo de basquete. Os nossos governantes e até o próprio Poder Judiciário ficam de mãos atadas e amordaçados pelas leis criadas e promulgadas por alguns políticos irresponsáveis que, indiferentes às necessidades coletivas, legislam em benefício próprio, colocando as sociedades num verdadeiro caos.
Em Brasília, a capital da República, um professor de História foi espancado, chutado e pisoteado covardemente por um ex-aluno e um amigo deste. Entrevistado, o professor Valério dos Santos, a vítima, disse: “Quanto mais violência, quanto mais sangue, maior é o estado de êxtase nas escolas”. E prosseguiu o professor: “Será que vale a pena eu continuar nessa profissão? A vontade que eu tenho é não mais pisar naquela escola e em nenhuma escola mais!”.
Mas o que mais chamou a minha atenção foi o desabafo do professor Valério, colocando em evidência uma realidade que muitos desconhecem, inclusive os Sindicatos, que deveriam primar pela segurança dos professores. “Eu não quero mais lidar com um público que não quer crescer, que não quer estudar!”.
Somente no ano de 2007, foram registradas no Distrito Federal 200 ocorrência policiais contra professores nas escolas públicas. Uma aluna de 13 anos de idade disparou três tiros para amedrontar uma professora. O fato ocorreu no interior de uma escola pública em Brasília. Em seu depoimento, a professora repetiu as palavras da aluna agressora: “Eu vim aqui para matar um!”.
E vocês acham que tudo isso é pouco?!?! Que nada!!! Veja o que disse a professora Rosilene Corrêa, Diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal: “Eu dou aula com as janelas fechadas, porque eu tenho medo de alguma bala ou que um aluno jogue alguma coisa dentro da sala!”. É o professor sendo prisioneiro em seu próprio ambiente de trabalho. E vejam quem foi a vítima agora!
Em São Paulo, as coisas não são diferentes. Um professor que não quis ser identificado, temendo as represálias dos alunos, inocentes e intocáveis adolescentes, fez o seguinte desabafo: “Criou-se agora a proibição ‘não fume nas escolas’. Vá você falar! Eles jogam fumaça na sua cara! O que está acontecendo é um desânimo geral dos professores!”.
Em Cacoal, Rondônia, alunos criaram uma “Comunidade” na Internet e prometeram furar os pneus do carro de um professor. Ameaçaram ainda colocar açúcar no tanque e quebrar todos os vidros do veículo. O professor de Matemática, Juliomar Penna, diante do fato afirmou: “Me senti um zero à esquerda. Me senti um nada!”.
Mas o mais revoltante foi a desculpa do pai em defesa da filha rebelde: “Quando o fato ocorreu há dois anos atrás, a minha menina tinha 13 anos de idade. Foi um ato inconseqüente, mas não com o propósito de denigrir o professor!”. O desabafo do professor não coincide com o pensamento do senhor Cícero Bordoni da Silva, pai da menininha “inocente”. Mas a escola não se omitiu diante do fato. Um ano e meio depois demitiu o professor. Justificativa: “Não precisamos mais dos seus serviços!”. Brincadeira??? Não!!! Foi verdade mesmo!
Por atos de indisciplina na escola, alunos foram expulsos (deve ter sido um caso gravíssimo) e seus pais obrigados, pela Justiça, a pagarem uma multa de 15 mil reais ao professor. Agora vejam o que disse a mãe de um dos indiciados: “Eu acho injusto. Os pais são trabalhadores como qualquer um e a pena é alta, porque nós pagamos a escola e as despesas dos meninos!”. A senhora Rosovita Korte Scopel tem o direito de dizer o que bem quiser. Agora, não é justo chamar esses elementos de meninos, o que os coloca na condição de inocentes.
Por mais incrível que pareça, ainda existem professores que se acomodam diante desta trágica realidade, cruzando os braços como se nada tivessem com a situação. São os chamados masoquistas que, satisfeitos com tudo, chegam ao absurdo pensamento de que o dinheiro está acima de tudo, inclusive de sua própria integridade moral e física.
Para vocês, que devem estar estarrecidos com as verdades aqui expostas, quem é o culpado?
Vejo com muita preocupação a posição dos Sindicatos dos Professores que, na tentativa de desviar a atenção da população e, principalmente dos professores, promovem movimentos grevistas, fingindo uma preocupação com o futuro dos docentes. Na verdade, o que vemos são greves político-partidárias, afastando os professores das salas de aula, prejudicando os poucos alunos que querem estudar e colocando em xeque-mate o nosso Sistema Educacional, que já se encontra às portas da falência.
Enquanto não houver uma ampla e radical reforma no Estatuto do Menor e do Adolescente, nós, os verdadeiros cidadãos honrados, permaneceremos frágeis diante dos menores delinqüentes, bandidos e assassinos, que agem à vontade, sem que nada lhes impeça de investir contra tudo e contra todos. O problema não é a pobreza, como muitos chegam a afirmar, mas da maneira como as famílias se comportam dentro da sociedade a que pertencem. A educação não depende de status, mas da personalidade de cada um.
A transferência de responsabilidades já se tornou comum em nosso meio. “A culpa é da sociedade!”, dizem os psicólogos, os sociólogos, os psicanalistas e outros mais. Na verdade, o que eles querem dizer é que esses “menininhos” que assaltam à mão armada são apenas vítimas da nossa indiferença. Se damos escolas, professores, merenda e até dinheiro para vê-los futuros cidadãos, o que querem mais de nós? Mesmo assim ainda somos culpados? Pergunta-se: culpados de que?
Talvez sejamos culpados porque não saímos às ruas com faixas, bandeiras e cartazes exigindo do Congresso Nacional uma urgente reforma no Código Penal e no Código Civil. Talvez sejamos culpados porque não saímos às ruas protestando contra a medíocre ação dos Direitos Humanos, que se manifesta em favor dos bandidos, em detrimento da segurança dos verdadeiros cidadãos. Talvez sejamos culpados pela nossa covardia diante das ações de determinados políticos, que nada fazem para combater os tráficos de drogas e de armas, que alimentam a violência no país. Neste caso, todos somos culpados, inclusive aqueles que dizem que a culpa está na sociedade.
Aqueles que representam este organismo cognominado Direitos Humanos, devem se conscientizar da diferença entre ser humano e ser desumano. Humanos são aqueles que trabalham, que têm uma família, que têm um lar, que têm uma residência fixa. Humanos somos nós, os cidadãos de bem. Os que assaltam, seqüestram, estupram, cometem crimes contra os seus semelhantes, esses são desumanos.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembléia Constituinte da França, em 26 de agosto de 1789, era composta por apenas 17 artigos. Três palavras davam ênfase a esta carta de princípios jurídicos e políticos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Mas precisamos ter muito cuidado quando nos deparamos com palavras como homem e cidadão, substantivos que nos colocam diante daqueles que praticam o bem, respeitam os direitos alheios e preservam os patrimônios públicos com dignidade e honradez. Bandidos estão fora deste contexto.
E agora! Já chegaram a alguma conclusão? Finalmente, quem é o culpado?
(Adalberto Claudino Pereira)
quinta-feira, 30 de abril de 2009
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