UMA APOSTA DE GIGANTES
(Adalberto Claudino Pereira)
Quando está em jogo a capacidade física de alguém, tudo é
possível para que a vitória seja alcançada. Na verdade, a vida é uma eterna
disputa entre aqueles que defendem os seus próprios interesses.
Quando o Diabo viu que Jó era uma pessoa
fiel a Deus, fazendo tudo aquilo que o Criador lhe ordenara, resolveu atacar de
forma impiedosa, usando a arma de que dispunha contra Deus. Então os dois
fizeram uma espécie de “aposta” para por à prova a fidelidade de Jó. No final, o
Diabo foi vencido e o Criador o grande vitorioso.
Outras centenas de apostas aconteceram.
Muitas delas testemunhadas por mim. Outras não cheguei a ver, mas tomei
conhecimento através de pessoas amigas.
A que vou contar parece incrível, à
primeira vista. Mas, analisando-a bem, chega-se à conclusão de que ela tem um
certo sentido.
Numa manhã ensolarada, o vento e o sol
estavam conversando sobre a maneira que cada um tinha ao agir. A conversa ia
muito bem até que, em dado momento, o sol disse que tinha poderes para realizar
coisas incríveis. Contou algumas de suas proezas, enquanto o vento o ouvia em
silêncio.
Passados alguns minutos, foi a vez do
vento contar suas aventuras. Disse que era ele quem formava as ondas do mar e
que balançava as árvores, dando inspiração aos passarinhos para cantarem lindas
melodias, etc., etc.
Depois de ouvir as aventuras do vento, o
sol, que se mantivera calado, lançou um desafio:
Amigo vento! Você diz que faz tudo com
perfeição e que sem você a vida não tem sentido! Que tal fazermos uma pequena
aposta?
- E como seria esta aposta, amigo sol –
perguntou o vento um tanto irônico.
- Estás vendo aquele homem bem vestido,
usando um sobretudo?
- Claro que estou, amigo sol! E daí? O que
tem ele a ver com nossa aposta?
- Façamos o seguinte: você tem trinta
minutos para retirar dele o sobretudo. Decorridos os trinta minutos, caso você
não consiga, então será a minha vez!
- Feito, amigo sol! – gritou eufórico o
vento, já com ar de vitorioso.
Tirada a sorte, o vento foi contemplado
para iniciar a prova. Ele soprou forte, o mais forte que podia. Quanto mais ele
tentava tirar o sobretudo do cidadão, mais este o agarrava com toda a sua
força. Foi uma luta terrível entre o vento e o cidadão.
- Fim de tempo! – gritou o sol, já se
preparando para sua investida.
O sol abriu seus olhos em direção ao homem
do sobretudo que, em menos de cinco minutos, não resistindo ao calor daquele
sol tenebroso, desabotoou o sobretudo, tirando-o de forma violenta.
Olhando para o vento, o sol falou:
- Nem sempre vencemos pela força! Às vezes
precisamos apenas de um jeitinho a mais! Quando desafiar alguém. Abra bem os
olhos, amigo vento! – retrucou o sol.
Derrotado, o vento saiu de mansinho. Nesse
dia as folhas e os galhos das árvores se aquietaram, os passarinhos silenciaram
e as ondas do mar se recolheram como se naquele dia toda a terra tivesse
parado. Vencido pela arrogância, o vento não soprou durante 24 horas. Estava
pagando o preço da derrota, enquanto o sol brilhava orgulhoso.
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