segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

UMA APOSTA DE GIGANTES


UMA APOSTA DE GIGANTES

(Adalberto Claudino Pereira)
   Quando está em jogo a capacidade física de alguém, tudo é possível para que a vitória seja alcançada. Na verdade, a vida é uma eterna disputa entre aqueles que defendem os seus próprios interesses.
      Quando o Diabo viu que Jó era uma pessoa fiel a Deus, fazendo tudo aquilo que o Criador lhe ordenara, resolveu atacar de forma impiedosa, usando a arma de que dispunha contra Deus. Então os dois fizeram uma espécie de “aposta” para por à prova a fidelidade de Jó. No final, o Diabo foi vencido e o Criador o grande vitorioso.
      Outras centenas de apostas aconteceram. Muitas delas testemunhadas por mim. Outras não cheguei a ver, mas tomei conhecimento através de pessoas amigas.
      A que vou contar parece incrível, à primeira vista. Mas, analisando-a bem, chega-se à conclusão de que ela tem um certo sentido.
      Numa manhã ensolarada, o vento e o sol estavam conversando sobre a maneira que cada um tinha ao agir. A conversa ia muito bem até que, em dado momento, o sol disse que tinha poderes para realizar coisas incríveis. Contou algumas de suas proezas, enquanto o vento o ouvia em silêncio.
     Passados alguns minutos, foi a vez do vento contar suas aventuras. Disse que era ele quem formava as ondas do mar e que balançava as árvores, dando inspiração aos passarinhos para cantarem lindas melodias,  etc., etc.
     Depois de ouvir as aventuras do vento, o sol, que se mantivera calado, lançou um desafio:
     Amigo vento! Você diz que faz tudo com perfeição e que sem você a vida não tem sentido! Que tal fazermos uma pequena aposta?
     - E como seria esta aposta, amigo sol – perguntou o vento um tanto irônico.
     - Estás vendo aquele homem bem vestido, usando um sobretudo?
     - Claro que estou, amigo sol! E daí? O que tem ele a ver com nossa aposta?
     - Façamos o seguinte: você tem trinta minutos para retirar dele o sobretudo. Decorridos os trinta minutos, caso você não consiga, então será a minha vez!
     - Feito, amigo sol! – gritou eufórico o vento, já com ar de vitorioso.
     Tirada a sorte, o vento foi contemplado para iniciar a prova. Ele soprou forte, o mais forte que podia. Quanto mais ele tentava tirar o sobretudo do cidadão, mais este o agarrava com toda a sua força. Foi uma luta terrível entre o vento e o cidadão.
     - Fim de tempo! – gritou o sol, já se preparando para sua investida.
     O sol abriu seus olhos em direção ao homem do sobretudo que, em menos de cinco minutos, não resistindo ao calor daquele sol tenebroso, desabotoou o sobretudo, tirando-o de forma violenta.
     Olhando para o vento, o sol falou:
     - Nem sempre vencemos pela força! Às vezes precisamos apenas de um jeitinho a mais! Quando desafiar alguém. Abra bem os olhos, amigo vento! – retrucou o sol.
     Derrotado, o vento saiu de mansinho. Nesse dia as folhas e os galhos das árvores se aquietaram, os passarinhos silenciaram e as ondas do mar se recolheram como se naquele dia toda a terra tivesse parado. Vencido pela arrogância, o vento não soprou durante 24 horas. Estava pagando o preço da derrota, enquanto o sol brilhava orgulhoso.

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