quinta-feira, 7 de março de 2013

IMPRENSA NACIONAL: OMISSÃO OU COVARDIA?


QUAL É A COR DA NOSSA IMPRENSA?

          Nos áureos tempos da minha adolescência, ouvia-se muito falar de uma terrível e temida “IMPRENSA MARROM”. E o que era a imprensa marrom? Segundo os críticos da época, ela representava um perigo para algumas facções da nossa sociedade. Podemos até dizer que ela era formada por pessoas contrárias ao regime em vigor.
          Os anos passaram e a Imprensa Marrom foi mudando de cor, de acordo com a necessidade de cada veículo de comunicação. Mas isso não foi nada agradável. Os meios de comunicação se dividiram, cada um seguindo os seus interesses particulares. Mais precisamente os interesses dos “patrões”, proprietários das empresas de rádio, televisão, jornais, revistas, etc.
          As emissoras de rádio, os jornais, as revistas e os canais de televisão, foram entregues aos ricos empresários que, associados aos políticos ou à política, passaram a castrar a imparcialidade das informações, tornando os grandes profissionais da imprensa em simples “marionetes” dos interesses individuais. Muitos deles até se sentiam bem diante desta situação deprimente e inaceitável.
          Os noticiários políticos aderiram às cores do PT, do PSDB, do PSOL, do PDT, do DEM e outros que envolvem nomes de pessoas influentes.
          Os noticiários econômicos passaram a trabalhar com os coloridos do DOLLAR  do EURO, do REAL e de outras moedas poderosas no câmbio internacional.
          Os noticiários esportivos receberam as cores de VASCO, FLAMENGO, FLUMINENSE, BOTAFOGO, CORÍNTHIANS, SÃO PAULO, SANTOS, PALMEIRAS e outros clubes que despontam no cenário esportivo nacional e internacional.
          Quando uma notícia envolve determinadas religiões, ela vem temperada com um misto de doutrinas das mais diversas, prontas para satisfazer uma parte da população, em detrimento da outra.  Até as seitas entraram na jogada, reivindicando o seu espaço, através do envolvimento de determinados jornalistas. Até aí, somos alvos dos interesses de vários canais de televisão.
          Mas existe aquela imprensa amarela que, na insignificância de sua palidez, age trêmula e emudece diante dos fatos que poderiam até mudar o comportamento da nossa sociedade. Se o fato envolve pessoas “blindadas” pelo poder econômico, ele é mostrado de forma sucinta.
          Vejo meio acabrunhado (lembram dessa expressão?) os noticiários revestidos da parcialidade empresarial. Aqueles noticiários em que o jornalista, antes de divulga-los, consulta  o “patrão”, para não comprometê-lo política ou economicamente. A situação se agrava ainda mais, quando o jornalista é impulsionado pela força das propinas.
          A falta de imparcialidade levou a nossa imprensa ao descrédito popular. Grandes jornalistas encolheram-se diante das censuras internas das empresas às quais prestam serviços. Alguns deles, sem conseguir esconder sua decepção, chegam a afirmar: - “Fazer o quê? Eu preciso do emprego! Tenho uma família para manter!!!”.
          A máscara do “faz-de-conta” esconde a vontade de desabafar e mandar tudo e todos às favas. Mas a “escravidão” imposta pela necessidade da sobrevivência e da subsistência fala mais alto, colocando mordaças e algemas em quem deveria ser responsável pela mudança moral, psicológica e espiritual das comunidades que clamam pela verdade.
          A ética do rádio moderno está baseada nos seguinte princípio: “EU TENHO DINHEIRO E VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA! VAMOS, POIS, JUNTAR O MEU DINHEIRO COM SUA EXPERIÊNCIA E MONTAR UMA RÁDIO”. Só que, neste caso, a experiência passa a ser sufocada pelo poder econômico e o dono do dinheiro passa a mandar em tudo. Conheço um caso semelhante!
          Mesmo assim, apesar dos pesares, ainda encontramos pessoas mais conscientes que continuam perguntando: “Afinal, qual é a cor da nossa imprensa? Quem falará por nós, se os nossos porta-vozes estão castrados em seus direitos de falar, pensar e agir democraticamente? Quando teremos uma imprensa de um caráter, de uma ética e de uma moral formalizados?
          A incapacidade dos profissionais exteriorizarem os sentimentos democráticos, mostra até onde chegaram os empresários detentores dos maiores canais de televisão, dos mais famosos jornais e das milhares de emissoras de rádio. O pior é que a grande maioria não conhece o verdadeiro valor dos veículos de comunicação.
          Para poder analisar melhor as notícias, eu vejo todos os jornais. Vejo os noticiários da Record, do SBT, da Globo, da Bandeirantes e da Rede TV. Pasmo ao notar que as mesmas notícias são veiculadas de formas totalmente diversificadas. Fico feliz quando vejo que ainda temos jornalistas corajosos. Aqueles que mostram a realidade, sem medo dos poderosos.
          A verdadeira imprensa não se omite, nem se acovarda diante dos fatos. Ela não segue aquele princípio do “defenda os meus que eu defendo os teus”.  Os meus e os teus a quem me refiro são aqueles que pagam propinas para que seus atos criminosos sejam encobertos por determinados veículos de comunicação. Este é o tipo de imprensa que enoja o país e todos aqueles que não se comprometeram com os corruptos.
          Hoje, já não ouvimos as famosas vozes de renomados locutores anunciando: “Rádio Tal, no ar em nome da ética e da moral, levando até você as notícias como elas acontecem...!”. Ética e moral são substantivos que os tendenciosos excluíram de seus projetos, privando os ouvintes de conhecerem a verdade.
          Quando iniciei minha vida radiofônica, em maio de 1962, o rádio era responsável pela evolução da ética e da moral. Nós aprendemos que tínhamos a obrigação, como emissores da verdade, de induzir as pessoas a uma vida honesta, resultado de uma transformação moral e intelectual. Era o chamado “rádio transformador de pensamentos e de ideais”.
          Já nas décadas de 80 e 90, os grandes empresários resolveram investir na mão-de-obra barata, colocando no ar locutores sem qualquer qualificação profissional. Os bons profissionais foram colocados em último plano, dando lugar àqueles que, na ânsia de manterem seus empregos, foram envolvidos pela subserviência. As cidades interioranas foram os maiores celeiros desse tipo de “profissionais”.
          E a nossa imprensa que já teve a cor “marrom”, transformou-se num verdadeiro “arco-iris” de desrespeito aos princípios da ética e da moral.  Os exemplos negativos de hoje, contradizem o verdadeiro objetivo de uma imprensa respeitada, que chegou a ser considerada O QUARTO PODER, associando-se ao Executivo, Legislativo e Judiciário. Seria eu injusto se a chamasse de VERGONHA NACIONAL?
          Acompanhei, em Brasília,  reportagens alusivas aos atos de corrupção de alguns políticos, que foram alvos de investigações pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. O que me deixou perplexo foi a maneira como a imprensa do DF explorou os fatos, dando ênfase a uns e se omitindo diante de outros, numa verdadeira demonstração de tendências político-partidárias.
          É aí que fico à vontade para classificar a nossa imprensa como uma VERGONHA NACIONAL, sem nenhum remorso ou arrependimento. Concomitantemente, deixo a pergunta: AFINAL, QUAL É REALMENTE A COR DA NOSSA IMPRENSA? Será que ela simplesmente amarelou?
          Seria ridículo dizer que a imprensa sempre torce para que as coisas boas não aconteçam e que tudo dê errado no mundo social, político e econômico? Na verdade, se tudo desse certo, não haveria o tão concorrido IBOPE. A população gosta mesmo é de sensacionalismo; de ver sangue derramando; de ver crescer a corrupção para se vangloriar da desgraça dos outros, principalmente quando estes não pertencem ao seu grupo político-partidário.
          É como aquela história do  leiteiro que, ao contemplar um grande açude e vendo aquele manancial de água, virou-se para o colega e disse: - Já pensou se tudo isso fosse leite!!! Ao que o outro respondeu: - Você está maluco? Onde iríamos encontrar água para por nele???
          Os políticos sentem uma aversão profunda pelos jornalistas. Eles só os toleram porque a imprensa tem o poder de curar ou envenenar. Ela é perversa e maldosa. Basta lembrar que a televisão elegeu Fernando Collor de Melo e a mesma televisão o colocou na “guilhotina”. Se a imprensa resolvesse sufocar o movimento patrocinado pelos futuros “anões” do Congresso Nacional, o presidente Collor teria chegado ao final do seu mandato sem ser molestado.
          O que teria acontecido? Será que não sobrou uma fatia do “bolo” para determinados jornalistas? Ou faltou alguém patrocinar um pomposo churrasco  na residência presidencial? Aí a fortuna aplicada nas reformas dos jardins da Casa da Dinda teria sido esquecida e... pronto! Aposto que tinha jornalistas roendo as unhas para estar no Jet Sky do simpático playboy das Alagoas.
          O que teria acontecido se a imprensa brasileira tivesse caído com unhas e dentes no caso do MENSALÃO do Palácio do Planalto? Ora, se o caso Collor de Melo deu no que deu, o que dizer do escândalo promovido pelas “estrelas” palacianas? Com certeza, teríamos a segunda “cabeça a rolar” na história da política nacional. Mas...  espera aí!!! Por que a imprensa emudeceu? Será que o cárcere da Superintendência da Polícia Federal tem inquilino especial? Por que a imprensa nacional não levou o caso do Mensalão a sério? Afinal, qual o preço do silêncio?
          E como a nossa imprensa fica pálida com facilidade!!! Lembram do caso Sarney? Aquele escândalo que envolveu o nosso “respeitado” Senado Federal!!! Lembram do Agraciel Maia? Espero que vocês não tenham esquecido os 11 (onze) processos contra o presidente do Senado. Pois é! Nas caladas das noites forjaram uma Comissão de Ética e, “cuspindo na cara” dos brasileiros, colocaram um relator amigo do indiciado! E a nossa imprensa amarelou (ou se acovardou?). Absurdo ou não, esta é a nossa realidade imoral.
                  TENHO DITO!!!

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